John Green – O Teorema Katherine


Ainda me lembro do meu desespero por esse livro. Quando um novo livro de algum autor que eu gosto é lançado, eu fico fazendo contagem regressiva, juntando as moedinhas, esperando ansiosamente… E foi a mesma coisa com esse. Minha irmã e eu economizamos o dinheiro do almoço da faculdade (o que significa que não comemos por uma semana, levamos sanduíches), saí da faculdade na sexta-feira e fui direto para a livraria mais próxima da casa do meu pai, para comprar. E, olha, que felicidade viajar nas páginas desse livro. Sim, eu sei, nem todo mundo gostou, muita gente achou bem fraco, mas eu curti. De verdade. Não é nenhuma história que vai mudar a sua vida para sempre, mas é uma daquelas histórias que você, em uma tarde, lê, ri e termina e fica mais leve.

Bem, O Teorema Katherine conta a história de Colin, um garoto prodígio (porque ser um prodígio e ser um gênio é diferente, e você aprende isso durante o livro) extremamente inteligente e nerd e não muito popular com pessoas. Seu passatempo predileto é decorar as últimas palavras de figuras públicas, sabe fazer anagramas de cabeça. tem um amigo, Hassan, e acaba de ser dispensado. Dispensado pela 19° Katherine. Só que ele realmente gostava dessa Katherine, e fica bem deprimido quando ela o dispensa. Assim, seu amigo Hassan o convence a fazer uma viagem de carro para lugar nenhum, já que eles estão de férias.

“Qual o sentido de estar vivo se você nem ao menos tenta fazer algo extraordinário? Que estranho acreditar que um Deus lhe deu a vida e,ao mesmo tempo,achar que a vida não espera de você nada mais do que ficar vendo TV.”

Assim, enquanto viaja, Colin fica tentando entender porque ele não consegue manter um relacionamento. Quando para na cidade de Gutshot, para ver o túmulo de Francisco Ferdinando, é que ele tem uma ideia: criar um Teorema para definir, antes mesmo do relacionamento começar, quando o casal vai se separar, e quem vai terminar com quem. É assim que surge o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines. E é aqui também que toda a história, loucura e diversão começam.

“É possível amar muito alguém, ele pensou. Mas o tamanho do seu amor por uma pessoa nunca vai ser páreo para o tamanho da saudade que você vai sentir dela.”

Não via tanta matemática assim desde que terminei o ensino médio. Colin é muito inteligente e, além de saber disso, ele quer fazer um bom uso de sua inteligência. Como o livro é narrado em terceira pessoa, você consegue entender o que todos os personagens estão pensando e não perde nenhum aspecto da história. Sem contar que a ironia está muito presente no livro, e as tiradas são muito inteligentes. Eu fico me perguntando no que o John Green estava pensando quando escreveu cada um de seus livros, porque todos eles tem um elemento de perspicácia bem particular. Sem contar as notas de rodapé. Cara, como eu amo livros em que as notas de rodapé fazem parte da história e complementam o que está acontecendo com fatos divertidos ou explicações de coisas que você não saberia se elas não estivessem ali.

Hassan tem um papel importante na história, e parece ser a pessoa que não deixa Colin mergulhar em um mundo de devaneios e probabilidades, e é quem o faz fazer coisas normais, socializar com outras pessoas, dar uma pausa na super inteligência e viver como um garoto da idade dele. E tem também a Lindsey, uma menina que vove na tal cidadezinha onde os meninos param para conhecer o túmulo de Francisco Ferdinando. Ela é divertida, suas falas são marcadas por expressões típicas de quem mora no interior, e é com ela que os meninos passam boa parte do livro.

“Filho, se tem uma coisa que eu sei nessa vida […] é que algumas pessoas nesse mundo cê só consegue amar e amar e amar, não importa o que aconteça.”

É bom ver que, mesmo em uma narrativa divertida, John Green consegue nos passar uma mensagem que mostra que ninguém é igual, mas que todos somos adaptáveis à diferenças. Além de toda a genialidade de John Green, é bom frisar que o trabalho de tradução também foi genial! Renata Pettengill, a responsável pela tradução desse livro, sofreu com os anagramas e teoremas que John Green cria para ambientar e ilustrar essa história. Ela mesmo disse, em um artigo para o site da Editora Intrínseca, que foi dureza traduzir tudo de uma forma que mantivesse o sentido original do texto. Mas conseguiu, e muito bem. O livro não termina junto com a história de Colin e seu teorema: depois disso, temos uma nota do autor, em que ele, de forma muito divertida, escreve assim:

“Uma das notas de rodapé do livro que você acabou de ler ( a menos que não tenha terminado e esteja pulando algumas páginas, caso em que deve voltar e ler tudo na ordem, e não tentar descobrir o que acontece no fim, sua criatura curiosa e impaciente) promete um apêndice repleto de matemática. Então, ei-lo aqui.”

Primeiro, me identifiquei com esse fragmento, porque era exatamente isso que eu estava fazendo: pulando o livro inteiro para ler o final. Tenho essa mania absurda e, por isso, fiquei surpresa e achei divertido ter sido pega fazendo tal coisa pelo próprio autor do livro. Metaforicamente, claro. Depois, fiquei abismada por ver o apêndice, composto de 11 páginas de pura matemática. Páginas essa que eu não li, porque assim como John diz na sua “nota do autor”, eu sou uma negação na matéria. Ele explica que pediu para um amigo, Daniel Biss, professor da Universidade de Chicago, para criar um teorema que fosse real para ilustrar sua história. Desse modo, você encontra a explicação do teorema nessas onze páginas do apêndice. Se você é um curioso ou um apaixonado pela matemática, aproveite o apêndice. Se não, pule isso, feche o livro, e sorria, porque você chegou ao fim de mais uma das histórias de Green.

 

CAPA, FICHA TÉCNICA, SINOPSE

O TEOREMA KATHERINE

An Abundance of Katherines

John Green
ISBN:  9788580573152
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 304
Encadernação: Brochura
Formato: 14 X 21 cm
Ano Edição: 2013

SINOPSE

Se o assunto é relacionamento, o tipo de garota de Colin Singleton tem nome: Katherine. E em se tratando de Colin e Katherines, o desfecho é sempre o mesmo: ele leva o fora. Já aconteceu muito. Dezenove vezes, para ser exato.

Depois do mais recente e traumático término, ele resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e um melhor amigo bem fora de forma no banco do carona, o ex-garoto prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar pés na bunda, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam.

Uma descoberta que vai mudar para sempre a história amorosa do mundo, vai vingar séculos de injusta vantagem entre Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera.

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2 Comments

  1. 26/08/2013

    ADOREI a Resenha! Super grande mesmo assim ótima. Parabéns. E olha, OTK foi um dos livros que eu mais ansiava ler e não me decepcionei nem um pouco. Foi tudo que eu esperava e ainda mais.
    Eu inclusive fiz uma resenha dele no meu blog se quiser dar uma conferida.
    http://contracapaliteraria.blogspot.com.br/

    Abraços!

  2. Mônica Oliveira
    26/08/2013

    Quando lançaram A Culpa é das Estrelas confesso que fiquei super empolgada com o livro..até começar a ler as resenhas e ver O TANTO que iria sofrer cm o livro, por esse motivo só eu não li.. Não tenho estrutura para ler livros assim mais..
    Agora o Teorema é um livro que faz agente querer dar uma chance, simplesmente porque John Green faz parecer tudo maravilhoso para se ler.

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