[Bastidores Literários] A Bienal está aí, mas…


Independente do ano, seja quando temos Bienal no Rio ou aqui em São Paulo, desde o início do ano as conversas variam sempre entre mesmos temas: do encontro de escritores ao bate-papo, chegando evidentemente nos LANÇAMENTOS!

O interessante é que quando algum autor comenta que seu lançamento foi neste evento, não importa inclusive se o livro em questão foi solo ou uma coletânea, a resposta de quem ouve, especialmente quando a pessoa não é do meio, é sempre positiva. O problema é que muito pouca gente comenta que grandes eventos literários, recheados de atrações e com um público que chega à casa dos milhares, são ótimos para o lançamento de escritores… RENOMADOS! Para desconhecidos, no entanto, não são bons.

Quer dizer, todos buscam ver os youtubers que já seguem ou aquela celebridade que está lançando um livro, mas que nem por isso é escritor. E antes que venham com quatro pedras na mão, uma explicação: se aparecer na TV não faz da pessoa um artista e saber cozinhar não faz de alguém um chef, FALA SÉRIO!, publicar um livro não faz de alguém um escritor! Inclusive, é como um caso que li no livro ‘Oficina para Escritores’ de Stephen Koch, em que conversando com um amigo médico, o escritor ouve que quando se aposentar ele médico também iria escrever um livro. Ele logo replica, em tom de piada, que também, quando se aposentar, começaria a fazer operações. Com isso o autor está colocando, como já comentei inúmeras vezes em artigos, palestras e cursos, que escrever por lazer e por profissão são duas coisas completamente diferentes.

Como dizia, um lançamento pequeno num stand menor, que nem está indicado na programação oficial e não é avisado ao público, não terá uma resposta muito grande. Terá menos resposta do que um evento organizado só para a ocasião. E isso por uma simples questão de demanda e oferta.

Apesar da demanda na Bienal ser muito maior do que num dia normal de lançamento, a oferta apresentada no evento para o público também o é, para não dizer que é muito maior (como o caso do filme Jogador Número 1, que apesar de parecer um sucesso, teve sim sua estreia postergada para não bater de frente com Star Wars – Os Últimos Jedi).

FALA SÉRIO! Isso não quer dizer que se o autor ficar toda a Bienal no stand, vendendo seus livros, não terá uma resposta positiva do publico. Muitos autores que conheço fizeram e fazem isso e as respostas são bem positivas, mas isso é trabalhar de vendedor. Achar que um lançamento simples irá ser excepcional só porque aconteceu numa Bienal é um engano bastante comum.

Na realidade, já vi editora de porte que preferiu um evento temático, como, por exemplo, a Comic Con Experience, do que a Bienal. E o próprio editor comentou comigo que, como no caso a editora era voltada para o público do evento, a ideia valeu a pena, pois ele trocou um público maior, mas que não necessariamente é interessado no que eles publicavam, por um menor, mas mais dirigido (sem contar que pagou menos pelo stand).

Na verdade não é que não se deva fazer o lançamento na Bienal, até porque é possível fazer um segundo evento para aqueles que não foram lá no dia do lançamento (se bem que o efeito disso também pode ser negativo, pois criar inúmeros lançamentos pode fazer com que as pessoas terminem não indo a nenhum), mas apesar de ser ótimo para o autor comentar entre amigos e conhecidos (ou traduzindo: para o ego), para as vendas na maioria dos casos isso não irá dizer muito. E FALA SÉRIO! Nem para o currículo do escritor vale, pois a maioria dos profissionais do mercado sabe que sem um grande nome por trás, o lançamento de um livro numa Bienal não quer dizer muita coisa.

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