[Bastidores Literários] O profissionalismo (ou a falta dele) na literatura


Esse é um assunto sobre o qual já comentei inúmeras vezes, seja em artigos anteriores aqui mesmo ou em bate-papo em eventos, em palestras e cursos que ministrei. Mesmo assim, como sempre volta à tona (e também porque eu recentemente ouvi inúmeras reclamações sobre essa questão relativo ao escritor brasileiro), resolvi comentar uma vez mais a respeito, fazendo uma grande revisão do assunto.

Para começar, escrever. Como sempre digo: “ESCREVER É TÃO DIFERENTE DE ESCREVER PROFISSIONALMENTE QUANTO DIRIGIR UM CARRO É DE PILOTAR UM FORMULA 1”. O que isso quer dizer? Que escrever uma história para outras pessoas é completamente diferente de redigir uma carta, um relatório ou mesmo uma redação (coisa que pouca gente sabe, tanto que muitos zeram no vestibular).

Ao se escrever uma história deve-se desde considerar um público alvo até construir personagens e uma trama que criem empatia e deixem o leitor curioso do início até o fim. Devem-se considerar elementos como a Jornada do Herói, reviravoltas na história, verossimilhança, um final interessante… FALA SÉRIO! Basta uma simples falha para que o leitor desista da leitura.

Terminada a fase de escrita, como coloquei recentemente, é necessário que sua história passe por processos de leitura beta e análise crítica, após os quais será reescrita usando como base as informações recebidas, chegando assim num formato definitivo. Este é um ponto complicado, porque é quando o autor deve lidar com seus primeiros críticos e ter a humildade de aceitar as colocações recebidas e trabalhar seu texto de modo a melhorá-lo.

FALA SÉRIO! É nesta fase que a maioria dos iniciantes peca, pois ao invés de aceitar as críticas e trabalhar seu texto, preferem buscar aqueles que adulam seu ego, ignorando que, uma vez mais como eu já comentei, se você quer ter uma carreira de escritor, publicar é só o meio do caminho, pois seu objetivo é que leiam seu livro!

Terminada essa fase o texto ainda deve passar pelas mãos de um revisor, mesmo que para uma simples verificação. Afinal, do mesmo modo que o leitor não quer achar erros de português num livro, o editor não espera achá-los num original enviado para sua editora. E ressalto: ISSO NEM É RESPEITO PARA COM A EDITORA, MAS SIM COM SEU PRÓPRIO TRABALHO! E sabe o que um profissional pensa sobre isso? “Se nem o autor tem respeito para com o seu trabalho, por que eu deveria?”

O mesmo acontece no envio. Eu sei que muita gente reclama que recebeu comunicado dizendo que a editora afirma não publicar aquele gênero, quando já constatou na livraria um título publicado por ela. Mas era um livro nacional? Porque existem editoras que simplesmente não publicam obras nacionais de um determinado gênero. O problema na realidade é bem pior!

O normal é o escritor nem respeitar o padrão de recebimento das editoras ou verificar se elas estão aceitando originais. Como editor eu mesmo já recebi mensagens de e-mail sem apresentação da obra, do autor. Nem tinha o padrão que se deve ter num primeiro contato com uma empresa. Na verdade até com uma pessoa que não é de seu círculo de amizades. FALA SÉRIO!

Isso sem contar quando o escritor envia a mensagem para um monte de editoras simplesmente colando os endereços no Com Copia (CC) do e-mail. Como eu já coloquei, não é nem a falta de respeito para com a editora (sim, quem recebe considera), mas pior do que isso: é considerado uma falta de respeito do escritor para com sua obra.

E sabe o que o editor (ou quem recebe a mensagem) pensa? “Se o escritor não respeita o próprio original (ou minha editora) o bastante para escrever uma mensagem para cada destinatário do e-mail, por que eu deveria?” E O RESULTADO É QUE A MENSAGEM VAI DIRETO PARA O LIXO.

Por que coloco todas essas dicas? Como um profissional da área editorial, que além de escritor é editor e leitor crítico, quero que o mercado cresça e que a literatura nacional prospere como a internacional. Por isso acredito que a mudança deve vir de cada um de nós.

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