[Bastidores Literários] O que falar, ou como resolver a crise no mercado editorial?


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Como após os resultados da Bienal deste ano, que efetivamente bateu o recorde de vendas do evento, com um gasto médio por pessoa de R$ 161,57, muita gente começou a desdenhar da crise no mercado editorial, dizendo que era só uma ilusão, neste artigo do Bastidores Literários eu resolvi comentar a respeito da questão. Até porque eu realmente não consigo entender como alguém pode negar a crise quando ela não está só o médio editorial. A economia de uma maneira geral, afinal de contas, está em crise, e com as pessoas gastando cada vez menos, num mercado que, apesar de estar ligado à educação não é considerado essencial isso pode ser um problema!

Não só faz um tempo que eu venho comentando que as coisas estão piorando, o que é simples de se verificar, pois já tivemos notícias de fechamento de lojas e atraso de pagamentos por parte de grandes redes de livrarias, mas também conversei com diversos editores que me disseram que desde 2017 estão segurando publicações. Assim, livros que deveriam ter saído ano passado, estão sendo publicados este ano, deixando diversos lançamentos deste ano somente para 2019. Para quem não está no meio pode não parecer muita coisa, mas estamos falando de menos trabalho para diversos profissionais da área, como tradutores, revisores, diagramadores, capistas… E olha que isso é só uma pequena parte do problema!

Na realidade desde a chegada do livro digital, assim como da Amazon, que uma mudança no modo em que as livrarias existem se fez necessário. E olha que este aspecto da crise editorial demorou a chegar ao Brasil, pois já faz um tempo que grandes redes de livraria têm fechado as portas nos EUA. E se isso é ruim para as grandes redes editoriais, assim como para autores conhecidos, para pequenas editoras e escritores desconhecidos, que têm de achar novos modos de fazer com que o publico leitor venha a conhecer seus livros, é pior ainda! Afinal, para se comprar um produto antes é necessário saber que ele existe e a divulgação e o marketing estão cada vez mais complicados e caros de se fazer.

O problema, na realidade, e bem pior! Se formos analisar o mercado de entretenimento não só verificaremos a cada ano um aumento na oferta de filmes pelos cinemas, como na Televisão não só deixamos o modelo da TV aberta, no qual o público era obrigado a assistir ao que algumas grandes redes apresentavam para o da TV por cabo ou via satélite, no qual o espectador tem centenas de opções. E olha que este modelo já está obsoleto. Com a velocidade da internet crescendo sempre, muita gente tem optado por sistemas de streaming nos quais cada um acessa a programação via internet e assiste o que quiser quando quiser. Tanto é que não só o Youtube se adaptou a esse formato, como a Amazon também o fez, de modo que faltam as livrarias, assim como as editoras se adaptarem a esse formato.

Eu sei que pode parecer estranho comparar mídias, mas mesmo a Bienal aprendeu e mudou. Nas edições anteriores as palestras e eventos não eram focados no público frequentador. Este ano a organização do evento se focou no público e o que pode se ver foi que ao invés de eventos vazios, como tem acontecido no meio, em que só se veem as mesmas caras, as palestras estavam cheias e o público interessado. E público interessado compra!

Na verdade o que falta no Brasil é formação de leitores! Eu me recordo do início dos anos 2000, quando a série Harry Potter foi lançada e eu pude ver, em minhas férias na praia, crianças de treze, quatorze, quinze anos lendo os livros da série em turnos, para que todos pudessem ler, ao invés de ficarem brincando na areia. E foi graças à série, que não era uma leitura obrigatória da escola, que atualmente temos uma geração de leitores.

Estes, contudo, já estão com seus 30 anos, e Harry Potter, apesar de atual, já não chama mais tanta atenção. Como fazer então? Porque se as livrarias deverão se adaptar para não fecharem, as editoras, assim como os autores também terão de fazê-lo. A internet está aí com ferramentas como as redes sociais, aplicativos de compartilhamento de histórias e ferramentas de auto-publicação para que se descubra o leitor quer ler.

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2 Comments

  1. Salete da Silva
    01/09/2018

    O texto está bom, mas as notícias não. Sou autora do romance na Toca dos Lobos publicado em dezembro/2017. Espero que as coisas melhorem.

  2. Sandra Regina Araujo Rivaldo
    30/08/2018

    Muito boa a reflexão. Realmente precisamos de mais leitores e para isso precisamos de um maior incentivo por parte da sociedade para estimular não só os mais jovens, mas para aqueles que foram estimulados pelo Harry Potter continuarem o hábito de ler, seja em livro físico ou digital

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