Kurt Vonnegut – Matadouro Cinco @intrinseca #resenha


matadouro cinco

Edição comemora os 50 anos de um clássico moderno, o mais importante da obra de Kurt Vonnegut

Em tempos de Internet, e mais precisamente de Google, tomei por hábito não ver um filme sem antes saber um pouco sobre o diretor; da mesma forma, não costumo sentar para ler um livro sem conhecer o autor. Mesmo que nunca tenha lido algo do mesmo, penso que toda obra é, em síntese, uma auto-ficção, onde o autor expressa suas emoções mais profundas e a história de vida que o levou até ali, mesmo que elas não sejam direta ou indiretamente mencionadas.

No caso específico de Matadouro-Cinco, sexta obra publicada pelo escritor americano Kurt Vonnegut, é profundamente vantajoso para o leitor saber que após ser soldado na Segunda Guerra Mundial e se consagrar como um escritor popular focado em ficções científicas, Vonnegut resolveu revisitar os horrores dessa guerra justamente na Alemanha. Parece contraditório, mas a literatura do país-berço do Nazismo não era – pelo menos até o lançamento da obra em questão – pródiga em relatos sobre os estragos em território local. Trauma talvez?  Sim! Mas note que Matadouro-Cinco foi escrito por um americano, que não apenas viveu a Segunda Guerra, como assistiu, em 1969, a eleição de Richard Nixon e a intensificação das ações norte-americanas na Guerra do Vietnã. Assim, curando traumas e vendo a história se repetir diante de seus olhos – “um conflito bélico e absurdo, como todos o são” – Vonnegut criou o personagem Billy Pilgrim. Alter-ego do autor, Billy era um soldado raso, que após sofrer um acidente de avião, entra em uma distópica viagem pelo tempo e espaço, absolutamente desprovida de relações de causa e consequência e sem nenhuma lógica temporal, mas que revive, através de um texto soberbo e finíssima ironia, os traumas de guerra de alguém que, como já dito, assistia a história novamente. A repetição pontual da frase ´”é assim mesmo” – quase uma senha para os fãs do autor – é mais um sintoma da resignação entristecida com a qual Vonnegut trata o tema.

É importante ressaltar ainda que em sua embaralhada linha do tempo, Billy foi preso na cidade de Dresdem, na Alemanha, e, escondido na geladeira de um matadouro, assistiu ao bombardeio norte-americano sobre a cidade, fato que, não por coincidência, também ocorreu com o autor. A aventura ficcional, no entanto, foi além e saiu das literais pilhas de mortos em Dresdem, rumo a outros planetas, onde Billy trocou conhecimentos com alienígenas antes de voltar em um tempo completamente distinto do qual saiu.

Matadouro-5 é um romance épico de “auto-ficção-cientifica-anti-bélica”. Considerado um dos 100 maiores romances de todos os tempos, é um verdadeiro grito pacifista, escrito com rara inteligência e criatividade por alguém que conheceu de perto e de longe os horrores da guerra.  

Capa, ficha técnica, sinopse

matadouro cinco

Matadouro Cinco

Kurt Vonnegut

ISBN: 9788551004593
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 288
Encadernação: Capa dura
Formato: 14 x 22cm
Edição: 2019
Tradução: Daniel Pellizzari

Sinopse

O humor e estilo únicos e originais de Kurt Vonnegut o fizeram um dos escritores mais importantes da literatura norte-americana. Sarcástico, ele foi capaz de escrever sobre a brutal destruição da cidade de Dresden, na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial — sem apelar para descrições sensacionalistas. Em vez disso, criou uma história imaginativa, muitas vezes engraçada e quase psicodélica, estrategicamente situada entre uma introdução e um epílogo autobiográficos.

Assim como Billy Pilgrim, o protagonista de Matadouro-Cinco, Vonnegut testemunhou como prisioneiro de guerra, em 1945, a morte de milhares de civis, a maior parte deles por queimaduras e asfixia, no bombardeio que destruiu a cidade alemã. Billy tinha sido capturado e destacado para fazer suplementos vitamínicos em um depósito de carnes subterrneo, onde os prisioneiros se refugiaram do ataque dos Aliados. Salvo pelo trabalho, depois de ter visto toda sorte de mortes e crueldades arbitrárias e absurdas, Billy volta à vida de consumo norte-americana e relata sua pacata biografia, intercalando sua trajetória aparentemente comum com episódios fantásticos de viagens no tempo e no espaço.

Ao capturar o espírito de seu tempo e a imaginação de uma geração — afinal, o livro foi publicado originalmente em 1969, em plena guerra do Vietnã e de intensos protestos e movimentos culturais —, o livro logo virou um fenômeno e sua história e estrutura inovadoras se tornaram metáforas para uma nova era que se aproximava. Ao combinar uma escrita cotidiana, ficção científica, piadas e filosofia, o autor também falou das banalidades da cultura do consumismo, da maldade humana e da nossa capacidade de nos acostumarmos com tudo. Qualquer semelhança com a atualidade não é mera coincidência.

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