Aves de rapina – Arlequina e sua emancipação fantabulosa #cinema #filme


Emancipada!

Quase oito anos vendo a Marvel e seus Vingadores arrebentarem nas bilheterias fizeram a DC se mexer e iniciar o seu próprio universo compartilhado de heróis. Não seria fácil alcançar a concorrente, mas os novos Batman e Superman foram bem aceitos pelo público, e a provável aparição da Liga da Justiça e seus icônicos integrantes agradava. No entanto, a produtora surpreendeu e resolveu investir pesado num filme focado em vilões. Esquadrão Suicida ganhou trailer assustador, trilha sonora de primeira, elenco caro, e a promessa de um Coringa tão marcante quanto o de Heath Ledger. Nas telas, porém, o que se viu foi um filme sem história, com diálogos e motivações risíveis e um Coringa que a própria Warner se encarregou de enterrar. Alguma coisa se salvou – além da maquiagem, que ganhou até Oscar? Sim, em meio a toda aquela palhaçada, Margot Robbie deu show na pele de Arlequina, a namorada do palhaço, tão louca quanto ele; graças à sua interprete, tão carismática quanto ele, e que ganhou a missão de segurar, sozinha, um filme num momento, no mínimo, perigoso para esse estilo. 

Aves de Rapina estreou na última semana, abrindo a temporada dos filmes de super-heróis em 2020. Nunca é demais lembrar que no ano passado, a Marvel e a Sony criaram a maior animação de super-heróis já feita com Homem-Aranha no Aranhaverso, e que a mesma Marvel estabeleceu a nova maior bilheteria da história do cinema com Vingadores Ultimato. Pior ainda: depois do desastre de Esquadrão Suicida, a Warner recrutou o astro Joaquin Phoenix para um filme-solo do Coringa que fez história e arrancou elogios até do carrancudo Martin Scorsese. Muitos superlativos, que jogaram uma pressão gigantesca sobre essa aventura pseudo-solo e nada séria da palhaça do crime, em sua emancipação fantabulosa – subtítulo do filme, que, entre outros adjetivos, pode ser qualificado como honesto. Longe de grandes estudos sociológicos e bilheterias estratosféricas, Aves de Rapina apresenta uma Arlequina solteira, em clima de festa (ou pós-festa) elutando para ser mais do que a sombra do Coringa; para isso, o filme aposta no charme irresistível da atriz e no histórico de uma ex-vilã que ainda possui a malandragem, mas não mais a necessidade do crime. Em síntese, pode-se dizer que a nossa anti-heroína lembra muito o eterno Jack Sparrow, de Piratas do Caribe

Solteira, livre… Lutando para ser mais que a sombra do Coringa… Então é um filme feminista??? Sim, é. E é importante para quem for ver saber que feminismo não é um problema e que nenhuma mulher vai sair do cinema queimando o soutien. A tal emancipação fantabulosa – título que já foi trocado, em uma questionável estratégia de marketing – é muito mais uma comemoração de um grupo de mulheres que se veem protagonistas de uma história em um mundo – o dos HQ’s – que é, sim,predominantemente masculino. Falando em masculino, aliás, o vilão vivido por Ewan McGregor é sem sombra de dúvidas um dos personagens mais chatos que já vi em filmes do gênero. Afetado e sem carisma, fica a dúvida se a chatice exacerbada do personagem não seria uma sugestão da diretora Cathy Yan, a fim de aumentar a simpatia pelas carismáticas protagonistas. Enfim, se você gosta da Arlequina, de Margot Robbie, gosta desse universo, gosta de porrada e quer dar umas risadas despretensiosas, vá ver! Apenas não espere um épico como Vingadores, ou algo que discuta questões sociais com você. 

Ficha técnica e sinopse

Harley Quinn – Birds of Pray

Sinopse

Não recomendado para menores de 16 anos

Arlequina (Margot Robbie), Canário Negro (Jurnee Smollett-Bell), Caçadora (Mary Elizabeth Winstead), Cassandra Cain e a policial Renée Montoya (Rosie Perez) formam um grupo inusitado de heroínas. Quando um perigoso criminoso começa a causar destruição em Gotham, as cinco mulheres precisam se unir para defender a cidade.

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