Farol #filme


Na beira da loucura!

Em geral, quando me ponho a analisar um filme, tenho uma opinião formada sobre o mesmo. Bom, ruim, chato, divertido, bobo, gostei, não gostei… Porém, não consegui ainda chegar a uma conclusão sobre O Farol. A bem da verdade, não consegui ainda sequer classifica-lo; uns dizem que é drama, outros que é suspense, ou terror. Penso que terror psicológico seja a melhor definição, mas não apenas pela história que, aliás, é bastante simples: dois faroleiros, isolados do mundo e encarregados de um trabalho enfadonho enlouquecem pouco a pouco, entregues à solidão e ao álcool; e tendo como única distração a questionável companhia um do outro e o trabalho, como já dito aqui, enfadonho, que os prende na ilha.    

Fosse só por isso, o filme seria apenas mais um chato entre os tantos a que somos expostos todos os dias, mas não. Em O Farol, o elenco formado exclusivamente por Williem Dafoe e Robert Pattinson parece estender a solidão da ilha a quem assiste o filme, e a decisão de filma-lo em preto e branco parece sugar ainda mais a vida e a alegria dos envolvidos. Além disso – e aqui considero o golpe de misericórdia do diretor Robert Eggers – o filme foi feito no formato 1.19:1, que é uma razão de aspecto muito específica, menor do que o das antigas TV’s de tubo, causando uma sensação de desconforto e, por que não dizer, até claustrofobia no público, aproximando-o da experiência dos dois personagens. Afora tudo isso, ainda há a trilha perturbadora e um competente jogo de luz e sombra, que combinado à loucura impressa por Dafoe – e a própria feiura do ator, amplificada pelo trabalho de cabelo e maquiagem – geram uma sensação similar aos típicos blockbuster de terror.   

Falando em Dafoe, tanto ele quanto Pattinson correspondem às expectativas e entregam performances densas e cheias de verdade, valendo-se inclusive de um recurso pouco utilizado fora das comédias: escatologia. Eles peidam, se masturbam, escarram, cospem e nada disso parece engraçado ou desnecessário. Longe do mundo, tristes, bêbados e irritados, as regras básicas de convívio tornam-se luxos muito além do que sua realidade permite.

Robert Pattinson (esq) e diretor Robert Eggers (dir) no set filmagem.
Crédito : Chris Reardon / A24 Pictures

O Farol é, portanto, um filme indigesto, lento, deprimente e que passa longe das grandes bilheterias e dos padrões mais palatáveis; mas não consigo, em minha humilde análise, classifica-lo como ruim. É, talvez indigesto seja mesmo a melhor definição. 

Ficha técnica, sinopse

O Farol

The lighthouse (2019)

Direção – Robert Eggers

Elenco – Robert Pattinson, Willem Dafoe

Distribuição: Vitrine Filmes

Sinopse

Não recomendado para menores de 16 anos

Início do século XX. Thomas Wake (Willem Dafoe), responsável pelo farol de uma ilha isolada, contrata o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) para substituir o ajudante anterior e colaborar nas tarefas diárias. No entanto, o acesso ao farol é mantido fechado ao novato, que se torna cada vez mais curioso com este espaço privado. Enquanto os dois homens se conhecem e se provocam, Ephraim fica obcecado em descobrir o que acontece naquele espaço fechado, ao mesmo tempo em que fenômenos estranhos começam a acontecer ao seu redor.

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1 Comment

  1. Paulo
    23/05/2020

    Foram todas essas sensações que eu tive ao assistir esse filme muito bem descrito por vc. Parabéns! Abs

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