Matrix Resurrections


(contém alguns spoilers)

No fim dos anos noventa, o cinema de ação e ficção científica entrou em uma nova Era através de Matrix. A história, filosoficamente intrigante, e os efeitos especiais que até hoje impressionam fizeram do filme um clássico instantâneo, que marcou o nome de seus criadores na História da 7ª arte e foi um dos grandes marcos na carreira do astro Keanu Reeves.

Infelizmente para os fãs, no entanto, as duas sequências que vieram ficaram aquém do esperado, além de uma série de animação muito bem-feita, mas chata. E assim chegamos ao ano de 2021, em que, 18 anos depois, a franquia ganhou mais um capítulo; o Matrix Resurrections!

Claro, esperar por algo tão incrível e relevante quanto o primeiro capítulo da franquia seria ingenuidade, mas a ideia de uma espiada no que houve com Neo, Trinity e a Matrix após o embate do terceiro filme não deixa de ser interessante e eu devo dizer que, apesar da reação adversa dos fãs mais conservadores, eu gostei do resultado (até certo ponto).

Em primeiro lugar, mesmo com a minha desconfiança e má vontade com franquias retomadas depois de um longo tempo, devo dizer que aqui esse fato jogou a favor, dando ares de lendas ou delírios sobre todos os acontecimentos vividos pelo protagonista. A realidade com a qual ele não se identifica, aliada à bem-sacada metalinguagem do roteiro cria uma incerteza deliciosa que casa perfeitamente com o tema White Rabbit, da banda sessentista Jefferson Airplane – julgo desnecessário descrever as condições sob as quais a canção foi escrita.

Sim, Neo, o herói, o escolhido, voltou à Matrix sem ter ideia da grandiosidade de seus feitos passados. Teria sido tudo um sonho? Uma viagem alucinógena? E as criações baseadas em seus delírios? Tudo real?

Fato é que a Matrix voltou ao normal e a “vida” de Neo também, mesmo com as alterações impostas pelo tempo, como as novas versões de Morpheus e do antagonista Smith. É claro que qualquer filme perde com as saídas de Lawrence Fishburne e Hugo Weaving, mas para a história criada a troca de atores fez sentido; além do quê, Yahya Abdul-Mateen II (Morpheus) e  Jonathan Groff (Smith) deram conta do recado. O que segue inabalável é a química perfeita entre Keanu Reeves e Carrie-Anne Moss, a Trinity; e foi aí que começaram os problemas…

Particularmente, gosto muito da ideia do amor enquanto força-motriz; e quando se fala num embate entre homens e máquinas, penso que a ideia ganha ainda mais potencial devido à óbvia limitação que os robozinhos possuem diante dos sentimentos. Gosto também da não repetição do enredo, sendo aqui Neo o responsável por tirar sua amada da farsa criada pelas máquinas.

A questão pra mim foi realmente a sequência final, iniciada pela DR menos intimista da história do cinema e uma enxurrada de cenas de ação que não deixam de ser bonitas e empolgantes, mas sem qualquer nexo com a premissa traçada lá no fim dos anos noventa, ou, ao menos uma explicação convincente sobre as novidades.


Matrix Resurrections é, em minha humilde opinião, a melhor das sequências – ou a menos pior. Soube fazer a conexão com os eventos passados sem soar falsa e até brinca na medida certa com a notória confusão que seu conceito gera no expectador, mas falha em sua resolução.

Matrix Resurrections

Direção: Lana Wachowski

Roteiro: Aleksandar Hemon, David Mitchell

Elenco: Keanu Reeves, Carrie-Anne Moss, Yahya Abdul-Mateen II, Jonathan Groff, Priyanka Chopra, Neil Patrick Harris.

22 de dezembro de 2021 nos cinemas

2h 28min

Ação/Ficção Científica

Sinopse

Matrix: Resurrections é o novo filme da franquia Matrix, continuando a saga de Neo (Keanu Reeves) em sua busca pela libertação das pessoas aprisionadas mentalmente pelas máquinas.

Se passando 20 anos após os acontecimentos de de Matrix Revolutions, Neo vive uma vida aparentemente comum sob sua identidade original como Thomas A. Anderson em São Francisco, Califórnia, com um terapeuta que lhe prescreve pílulas azuis para neutralizar as coisas estranhas e não naturais que ele ocasionalmente vislumbra em sua mente. Ele também conhece uma mulher que parece ser Trinity (Carrie Anne-Moss), mas nenhum deles se reconhece. No entanto, quando uma nova versão de Morpheus oferece a ele a pílula vermelha e reabre sua mente para o mundo da Matrix, que se tornou mais seguro e perigoso nos anos desde a infecção de Smith, Neo volta a se juntar a um grupo de rebeldes para lutar contra um novo e maois perigoso inimigo e livrar todos da Matrix novamente.

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