Por Gianpaolo Celli, consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS EDITORIAIS
Trago o assunto à baila porque nesta semana que passou estava comentando com um colega de mercado a respeito do por que se mente para o mercado, do que se ganharia e do que se perderia com isso, e como sempre, achei que o assunto era importante o bastante para ser divulgado aqui. Basicamente se usa de falácias para, me apossando de um termo do futebol, “valorizar seu passe”. E não importa se é o escritor ou a editora, pois conheço casos em que ambos os lados fizeram isso.
Pode parecer mentira, mas não é. Autores e editoras mentem descaradamente para parecerem melhores do que realmente são. E FALA SÉRIO! Muitas vezes fazem dessas mentiras algo oficial, passando-a para órgãos de mídia para que a falácia, apresentada por eles, seja propagada como real. Afinal, foi apresentada por um órgão de mídia conceituado, não é verdade?
Exemplos? FALA SÉRIO! Tenho alguns: um autor que negociou com uma editora pela qual não tinha o objetivo de publicar só para, com o contrato em mãos, negociar com outra maior; uma editora que conseguiu direitos de alguns títulos de um autor internacional famoso e depois passou para a mídia que iria gastar na divulgação dele quatro vezes o valor que gastou realmente (e olha que estamos falando de uma quantia de sete dígitos); um autor que anunciou que uma editora havia comprado os direitos de seus livros por uma quantia quatro vezes maior do que a que a que ele realmente recebeu (e uma vez mais estamos falando de uma quantia de sete dígitos); ou uma editora que afirmou para mídia que pagará um adiantamento que, segundo quem já trabalhou para ela, o valor é cinco vezes maior do que seu padrão (e aqui estamos falando de um valor de cinco dígitos).
Os problemas? FALA SÉRIO! Primeiro, sempre haverá alguém que vai saber. Segundo, um estudo apresentado por diversos serviços estadunidensess de espionagem a quantidade de pessoal que fica sabendo de uma informação é o número elevado a três do pessoal que precisa efetiva e oficialmente ter essa informação. Pela regra, portanto, se duas pessoas precisam saber, oito saberão; se esse número é três, vinte e sete terminarão sabendo, e assim por diante.
E se esse dado é válido para os serviços secretos, que lidam com informação confidencial (e olha que o Wikileaks está ai para provar o que eu digo), imagine num mercado como o literário, onde a fofoca corre solta? Depois, mesmo que essa informação falsa seja interessante para quem a repassa, ela pode terminar queimando a chance de outros profissionais que venham a bater nas portas dessa editora. Ou resultar na supervalorização de um passe ou ainda numa campanha de marketing que pode deixar outros autores gananciosos, inflacionando assim o mercado e fazendo-o diminuir.
FALA SÉRIO! Isso sem falar o que todos aprendemos desde crianças (bom, ao menos eu aprendi): nada de bom vem da mentira, não é verdade?
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