BASTIDORES LITERÁRIOS – O Lado Negro do Facebook e o Mercado Editorial


Por Gianpaolo Celli, consultor do Aliteração Serviços Editoriais

Em meados do ano passado saiu uma matéria de capa na revista Super Interessante (edição 348, de junho de 2015) apresentando o já comentado “Lado Negro do Facebook” e parte da matéria discorria exatamente a respeito da venda de curtidas.

Caso você tenha perdido a matéria da revista e esteja se perguntando como tal prática nas redes sociais pode mudar o mercado editorial, vou explicar:

Já há algum tempo dá para se perceber a falta de empreendedorismo, assim como de visão de marketing de mercado das editoras, que ao invés de investirem nos livros em que apostaram, preferem se dedicar a projetos cujos autores são populares nas redes sociais, pois isso garantiria um bom retorno sem investimento em marketing. E como fazem para medir essa ‘popularidade’?

FALA SÉRIO! Muito simples, verificando o número de curtidas do perfil do autor nas redes sociais.

Em nossos artigos anteriores, inclusive, não só já questionava a confiabilidade destes dados, usando como exemplo as promoções (que apesar de proibidas no Facebook, até grandes empresas fazem) que exigiam que a pessoa curtisse uma página para participar de um concurso, como comentava a respeito da compra de curtidas, não só apresentada, mas também testada na matéria da revista.

No meu caso, um dos e-mails que recebi falando do assunto, o valor, já citados nos textos acima mencionados, era de R$ 29,90 para mil curtidas numa rede social. Num outro, para receber mil e quinhentas curtidas era necessário desembolsar R$ 35,00 reais. FALA SÉRIO! Uma bagatela, não?

Na verdade mesmo a compra apresentada pela matéria, que segundo eles foi paga ao próprio Facebook, conseguiu 184 curtidas por R$ 70,00 reais.

O pior é que a questão que fica não é “se o mundo já sabe que é falso por que os editores preferem acreditar nisso como base para publicação”? Mas FALA SÉRIO! “Se eles acreditam nisso, por que não usar”?

O único problema é que os editores estão fazendo isso para evitar gastar com o marketing, de modo que se você usar, depois terá de “ralar” para fazer sua publicidade por conta própria, pois já sabemos que a editora não mexerá um dedo por seu livro, mesmo este também sendo dela…

Isso sem contar que, como já coloquei anteriormente, mesmo que as curtidas fossem reais, isso não determinaria a popularidade, não garantiria a venda, nem faria da pessoa que curtiu um cliente efetivo! E FALA SÉRIO! Não sou eu que digo isso, pois há 25 anos pelo menos essa proporção está em qualquer livro de marketing do Philip Kotler: é a mais que famosa regra dos 10%!

Como funciona? Simples: se você envia um dado número de convites para um evento, 10% das pessoas comparecerá, e 10% destas comprará o produto apresentado.

Em tempos de redes sociais, é só converter curtidas, ou confirmações em eventos, à regra dos 10% para ver quantas pessoas aparecerão. E FALA SÉRIO! Destas quantas se tornaram clientes? E pode acreditar que acontece! Porque confirmar apertando um botão é muito mais simples do que sair de casa ou do trabalho depois de um dia estafante e enfrentar transito e transportes lotados para ir a um evento.

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2 Comments

  1. […] Gianpaolo Celli, no Livrólogos […]

  2. 28/04/2016

    Por isso que se um autor chega para mim com 1 mil curtidas, eu quero o relatório da página, pois ali vai me mostrar certos dados que comprovam se foi comprado ou não. Pq essas curtidas vendidas são feitas por bots (sistemas de Like Farms automatizadas) e possuem características claras de comportamento.

    Seguindo a regra dos 10%, se alguém tem um post com 1 mil curtidas, ela deve ter ao menos 100 engajamentos (comentários e compartilhamentos) que devem influenciar os dados de crescimento orgânico da página.

    Só é enganado quem quer, ou quem não entende lhufas de Social Media, qquer um com um pouco de experiência na área derruba uma postagem turbinada artificialmente apenas olhando os dados dela.

    Sem contar que o próprio Facebook faz a cada trimestre uma limpa de perfis com comportamento suspeito e vira e mexe, somem até 200 mil curtidas de certas postagens no Facebook.

    Por isso um editor não deve olhar curtidas, mas engajamento. E aí cabe a ele ver como ele atua isso na venda online, que é a única que realmente responde a esse processo, pois do 100% de curtidas, 10% viram engajamento e dos 100% desses 10%, novamente, apenas 10% irão se tornar compra, ou 1% do total se tornará conversão.

    Abs

    Alex

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