BASTIDORES LITERÁRIOS – Mais Detalhes e o Futuro do Mercado Nacional


Por Gianpaolo Celli, consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS EDITORIAIS

Um dos assuntos abordados do texto da semana passada e que continuou em voga durante esta semana que passou foi a situação em que o mercado nacional se encontra. Comentei que existem campanhas de escritores, blogs literários, da grande mídia até, tentando acabar com esse preconceito. O problema é que a maioria delas prefere tampar o Sol com a peneira do que efetivamente fazer algo a respeito.

Sei que, como dizem: “já é um começo”, mas como coloquei no texto da semana passada, é ridículo, para não dizer absurdo, um evento que tem como objetivo promover o livro nacional, terminar com o publico aplaudindo em pé a apresentação não de um livro nacional, mas a capa de uma série estrangeira que uma das editoras apoiadoras estava para lançar. E isso sem contar que, para atrair o público, esses eventos chegam até a dar chocolates em seus brindes… FALA SÉRIO! Não é nem como lutar com isso, mas onde isso vai acabar?!

Quer outro exemplo? Recentemente o jornal de um grande canal de TV aberta apresentou uma matéria falando com autores, editores e livreiros e afirmando que agora o mercado estava dando mais chance ao escritor nacional. A vontade que eu tive foi procurar o livreiro e perguntar a porcentagem de livros de ficção nacionais em relação aos internacionais na livraria dele. Lembro que quando tinha uma editora um dia tentei fazer uma apresentação para uma rede de nosso catálogo e não consegui que colocassem sequer um livro lá.

Quanto à editora, FALA SÉRIO! Nem preciso comentar nada. Numa palestra recente um dos editores resumiu a situação ao colocar que, exatamente por só publicarem autores nacionais, “trabalham o triplo para ganhar a metade”. E pode acreditar: por experiência própria posso dizer que é bem assim mesmo!

E a coisa não termina ai. São coletâneas pagas disfarçadas de concursos; “agentes literários” que, depois de cobrarem por seus serviços tem a coragem de indicar editoras sob demanda, como se você, autor, não pudesse achá-las sozinho… FALA SÉRIO! As vezes nem isso é necessário, pois elas vão a caça de escritores incautos ou desesperados nas redes sociais.

E FALA SÉRIO! Não é de hoje que comentamos a respeito deste lado obscuro do mercado. Um dos primeiros  textos do Aliteração falava a respeito disso. Assim como o artigo Traçando Uma Estratégia Para Publicar discutia a diferença de “prêmios”, “concursos” e “antologias” ou “coletâneas”. Colocando A Livraria Na Equação, Novamente Colocando A Livraria (E Seu Desserviço) Na Equação e A Eterna Critica As Editoras Sob Demanda, todos artigos visando ajudar a conseguir ajuda profissional para publicar sem cair em armadilhas.

Porque quando uma ficha cadastral de editora ou agente literário começa a questionar “Estimativa de venda de exemplares no lançamento?”, como aconteceu com um cliente nosso esta semana, você já pode acreditar que vem sujeira! Normalmente a mensagem seguinte terá com questões como “quantos exemplares você quererá adquirir?”ou “você aceitaria fazer uma coedição?”.

Pior só é, como aconteceu, ter de responder se, ao publicar um livro por outra editora, “o que mais o decepcionou?FALA SÉRIO! O que é isso? Entrevista de emprego?

Resta saber se, como disse anteriormente (muitas vezes), se bastará o escritor profissionalizar-se. O que você acha? Se cada um de nós tentarmos mudar, os leitores, livrarias e editoras terminaram mudando também?

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