BASTIDORES LITERÁRIOS – Explicando Mais a Respeito do Ghostwriting


Por Gianpaolo Celli, consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS EDITORIAIS

Sei que já comentei a respeito mais de uma vez. Porém, como o assunto voltou à boca do povo devido a publicação de youtubers, cheguei à conclusão de que o assunto é mais sensível do que originalmente se pensa e que mesmo escritores sabem pouco sobre o assunto. Então, vamos lá!

Como já expliquei, um escritor fantasma (ou ghostwriter) é um profissional que escreve discursos, livros ou ensaios creditados a outra pessoa.

Sujeira? Trapaça?

FALA SÉRIO! Não. Inclusive, é mais comum que você pode imaginar.

Exemplos nas livrarias existem aos montes. A maioria das autobiografias é escrita por ghostwriters. Afinal, não é porque a pessoa é famosa ou porque tem uma vida interessante que é um sinal de que ela sabe escrever de modo a chamar atenção do público (ou escrever bem o bastante para que se publique)

De políticos, como Fidel Castro, Hillary e Bill Clinton, Mussolini, Barack Obama, Ronald Reagan, John Kennedy e Leon Trotsky, passando por atores, como Hulk Hogan, Jackie Chan e Bill Cosby, e chegando a músicos, como Johnny Cash e Ozzy Osborne, praticamente todas as memórias foram na realidade colocadas no papel por um escritor.

FALA SÉRIO! Um exemplo que pouca gente sabe é que “O Diário de Anne Frank” na verdade não é só dela. Seu pai, Otto Frank, fez o papel de ghostwriter, pegando o diário original, assim como vários cadernos e folhas soltas cheias de escritos da filha e reescreveu tudo num volume mais conciso. E se o nome dele não consta na obra é porque, como acontece com a maioria dos ghostwriters (pelo menos os que trabalham com memórias), apesar das tecnicamente serem suas, a essência do livro é o coração e a alma de sua filha.

O que? Aqui no Brasil? FALA SÉRIO! A maioria destes novos sucessos editoriais, os blogueiros e mais recentemente vlogueiros, uma tendência que surgiu com a Bruna Surfistinhas, como ela passam por ghost writers antes da publicação.

“Ok”, você deve estar pensando, “Mas na literatura não existem casos famosos de ghostwriting, certo?”

FALA SÉRIO! Errado!

Na literatura um exemplo disso são as grandes séries. Quando os editores têm uma propriedade quente em suas mãos, muitas vezes eles ficam interessados por mais tempo do que o autor original (ou este não consegue escrever com a velocidade que o mercado demanda), daí entra o ghostwriter.

Um exemplo clássico disso é a série de livros do 007. FALA SÉRIO! Ian Fleming até conseguiu manter-se escrevendo pelo menos as primeiras dez ou quinze obras do emblemático James Bond. Mesmo assim, muito antes de sua morte, quando os créditos passaram aos antes ghostwriters, já eram eles quem escreviam. Um dos primeiros, segundo pesquisas, foi O Homem com a Pistola de Ouro, escrito por Kingsley Amis.

Outros exemplos são a série Tales of Conan, de Robert E. Howard, Splinter Cell, de Tom Clancy e Goosebumps, de RL Stine, estas duas últimas séries com muitos livros escritos por ghostwriters sob a supervisão de seus criadores.

Na realidade reza a lenda que mesmo o clássico de terror Frankenstein, de Mary Shelley, foi na realidade criado numa noite quando ela e seu marido, Percy Shelley, estavam com amigos contando histórias de fantasmas, de modo que o livro seria na realidade um esforço colaborativo.

Agora FALA SÉRIO! Um caso inusitado é o da série policial Susikoskii, de Tuula Sariola. Recentemente Mauri Sariola, o viúvo da famosa romancista finlandesa, admitiu que ela não escreveu uma só palavra de seus dezesseis livros. Cada um deles foi escrito por Ritva Sarkola, um amigo que, apesar de gostar de escrever, não buscava sucesso. Assim, como Sariola tinha um sobrenome famoso, eles usaram isso para conseguir um contrato de edição

Inclusive, reza a lenda que mesmo no meio literário nacional, alguns dos autores que estouraram nos últimos anos não são os únicos escritores de seus livros. Como já falei acima, seja por não conseguirem escrever com a velocidade que o mercado demanda, seja por não possuírem a maturidade que a história pede, as editoras terminaram passando suas obras pelas mãos de ghostwriters.

Quem? FALA SÉRIO! Meus lábios (e meus dedos, no caso) estão selados!

Previous Mary Balogh - Ligeiramente seduzidos @EditoraArqueiro #resenha
Next Nicola Yoon - Tudo e todas as coisas @Novo_Conceito #resenha

2 Comments

  1. […] BASTIDORES LITERÁRIOS – Explicando Mais a Respeito do Ghostwriting […]

  2. Valter silvestre
    01/06/2016

    Excelente.Acabei de saber o que são ghostwriters

Deixe um comentário! Quero saber o que achou do texto ;)