Por Gianpaolo Celli, consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS EDITORIAIS
FALA SÉRIO! Nas duas últimas semanas venho comentando algumas dicas a respeito de criação literária apresentadas por Orson Scott Card na introdução de seu livro Ender’s Game – O Jogo do Exterminador, pois acredito que compartilhar informações que de uma maneira ou de outra possa ajudar escritores amadores no processo para que se tornem profissionais. Vamos agora à terceira e última das colocações do autor, no caso em relação a uma curta carreira no teatro, mas que mesmo assim funcionam na literatura:
Eu aprendi(…) como montar uma cena, como acumular tensão, e acima de tudo, a necessidade de ser duro com seu próprio material, cortando ou reescrevendo qualquer coisa que não funcione. Aprendi a separar a estória da escrita, provavelmente a coisa mais importante que qualquer contador de estórias tem de aprender, que há mil maneiras certas de se contar uma estória, e milhões de erradas, e é muito mais provável que você encontre uma dessas últimas da primeira vez que trabalhar a estória.
Analisando, podemos ver que existem três componentes básicos na afirmação de Orson Scott Card. O primeiro é a respeito de “montar uma cena” e saber “como acumular tensão”. FALA SÉRIO! Este é um ponto muito importante na criação literária, pois uma das coisas que mais decepcionam numa história (logo após personagens sem carisma) é quando a cena vai num crescendo, vai criando uma expectativa, e ao invés de terminar numa sequencia que é ponto culminante que empolga o leitor, é deixada pela metade, incompleta.
Infelizmente, para falar a respeito disso seria necessário muito mais do que o espaço que temos aqui. Mesmo assim fica a dica. E lembre-se de sempre contratar uma leitura crítica após terminar seu livro, para que um profissional gabaritado possa indicar se você fez isso em alguma das cenas do seu projeto.
A segunda é sobre “a necessidade de ser duro com seu próprio material, cortando ou reescrevendo qualquer coisa que não funcione”.
Aqui não só voltamos a primeira questão no aspecto criação, como também no de análise crítica. Evidente que quando terminamos o texto, achamos que ele está pronto. Mesmo assim, é necessário que se ouça opiniões de terceiros, e se trabalhe o texto com elas em mente. A não ser que não esteja pensando em publicar, nunca pense que você pode deixar o texto como está porque você gostou. FALA SÉRIO! O processo de publicar é o de cativar terceiros. Se você quisesse mesmo a história só para você (como alguns escritores novatos dizem), nem precisaria colocá-la no papel, bastando ficar imaginando-a sempre que quisesse. Então, como o autor colocou: aprenda a “ser duro com seu próprio material”.
Finalmente, compreenda que a história é uma coisa e o processo de escrita é outra. Elas até podem ser interdependentes, mas não são uma coisa só. Então, saiba que há sim “mil maneiras certas de se contar uma estória”, mas do mesmo modo, há “milhões de erradas”, então tome cuidado para escolher, porque FALA SÉRIO!, se você está começando, “é muito mais provável que você encontre uma dessas últimas da primeira”.
Ou seja, antes de sair escrevendo, mapeie sua história: desenvolva os personagens, ao menos os principais; estruture a trama, de modo a saber para “onde” a história vai (seu começo, seu meio e seu fim); e “como” você fará para que ela aconteça. E lembre, FALA SÉRIO!, não será isso que engessará sua criatividade. Se você, ao escrever efetivamente, tiver uma ideia melhor, ou perceber que a ideia original não foi tão boa assim, não foi porque você escreveu no roteiro que tem de segui-la. Volte ao roteiro, reescreva-o, então coloque a ideia nova no papel na história.
Perceba, inclusive, que estamos voltando ao segundo tópico, de “ser duro com seu próprio material, cortando ou reescrevendo qualquer coisa que não funcione”.
Ou seja, FALA SÉRIO! Pense e aja assim, de uma maneira profissional, e você verá que será muito mais fácil publicar sua obra.
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