BASTIDORES LITERÁRIOS – Como Escrever e Publicar (2 de 6)


Por Gianpaolo Celli, consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS LITERÁRIOS

Como disse no artigo da semana passada, o assunto é longo, então vou dar continuidade ao mesmo.

Sei que é ruim ficar jogando balde de água fria no sonho dos outros, mas a tendência continua! É um tal de ficarem dizendo que “publicar é simples”, que qualquer um consegue e que “o crowdfunding vai mudar a cara do mercado editorial” que qualquer um que não esteja obcecado chega a estranhar, até porque é sempre assim quando o mercado está em crise.

E olha, adoraria que todas essas afirmações fossem verdades, mas não é tão simples!

Publicar é fácil? É! O problema, que continua sendo o mesmo da época das editoras sob demanda: como você vai fazer para vender os livros quando tiver com eles nas mãos?
Livrarias e distribuidoras não só precisam de nota fiscal como consignam antes de comprar e ficam com em média 50% do preço de capa. Enviar o livro por correio é caro e demanda um trabalho enorme… assim como fazer o marketing todo sozinho.

É possível? Sim, mas complicado! E como já disse: FALA SÉRIO! Os mesmos escritores que reclamam de terem de ajudar a editora a fazer o marketing de seus livros, vão fazer tudo sozinhos? Então tá! O que vai acontecer, que é o que normalmente acontece, é que eles vão terminar com um monte de livros jogados em casa sem ter o que fazer.

E sobre o crowdfunding, já falei a respeito. Para que o projeto dê certo é preciso um planejamento que poucas pessoas fazem. Infelizmente tenho que dizer: vender algumas centenas de exemplares e sobrar sem nenhum para divulgar e colocar em livrarias ou vender em sites, ou sem verba para fazer outra edição ou um segundo livro não é ser bem sucedido. E olha que já estudei casos em que o que aconteceu foi bem pior, e mesmo assim eles foram considerados “bem sucedidos”…

Quer um exemplo? A pessoa faz um crowdfunding, promete alguns exemplares para blogs literários em troca de divulgação. O livro sai, os blogs fazem a resenha, mas os leitores que se interessaram não podem comprar porque o livro já está esgotado. De que valeu a divulgação?

Vejam bem, não é que crowdfunding sempre dá errado. Muito pelo contrário! A ideia é boa, mas para que a ação seja efetiva (e a ação ser efetiva é diferente do crowdfunding dar certo) deve-se considerar com cuidado todo o aspecto administrativo da produção literária/editorial.

Mas não será esse o assunto de hoje! Como já comentei a respeito: para se tornar um escritor profissional (e FALA SÉRIO!, isso não necessariamente quer dizer ganhar a vida disso) você deve pensar em escrever não um, mas muitos livros, pois o segundo chamará mais público para o primeiro, o terceiro para os dois anteriores e assim por diante… Até que um deles caia nas graças do público ou da mídia e você se torne mundialmente conhecido.

Mas para fazer isso, contudo, algumas coisas são obrigatórias. Como coloquei na semana passada: leia muito! E faça isso de maneira consciente, anotando, mesmo que mentalmente os aspectos que gostou num livro, para você usar nos seus projetos, e os que você não gostou, para evitar.

E FALA SÉRIO! Pense seu projeto profissionalmente!

Você pode até dizer que vai escrever o que gosta de ler, mas mesmo assim, ao desenvolver a ideia por trás da história, pense num público alvo (tudo bem que você se enquadre nele, mas considere isso conscientemente); quando criar os protagonistas saiba que os leitores devem sentir empatia com eles; e, por favor, antes de começar a escrever desenvolva um esqueleto de como a história irá terminar!

E nem me venha com a falácia de que muita gente escreve sem saber isso. E que isso acaba com sua criatividade!
FALA SÉRIO! Isso é mentira!

Se você está escrevendo uma história de terror com fantasmas, sabe não vai aparecer um disco voador no fim da história. Se está escrevendo uma fantasia medieval, sabe que o mundo não acabará numa guerra nuclear. Quer dizer, você pode até não saber do final cena a cena, mas imagina quis são as “avenidas” por onde a história passará, tem uma ideia, mesmo que genérica, de como será o fim dela. Então antes de começar, coloque isso no papel. Inclusive, ter a história determinada, mesmo que de uma maneira geral, te ajudará no caso do infame “bloqueio de escritor”.

E tem outra coisa, esse esqueleto estrutural da história não é uma regra, é mais um guia para ajudá-lo a seguir em frente. Se no meio do processo de escrita você perceber que sua ideia inicial não estava correta, e que existem “avenidas” mais lógicas para história seguir, volte ao esqueleto e mude a estrutura de modo que ela se adapte a sua nova visão da história, e siga em frente desse ponto.

E vamos todos em frente (nós também), pois como coloquei no artigo anterior: estamos só no início!

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