Por Gianpaolo Celli, consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS LITERÁRIOS
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Continuando com o assunto (que já havia comentado ser longo), a ideia é falar de outros aspectos da criação literária que definem um profissional da escrita!
Já comentei a respeito de ler e fazê-lo de maneira crítica, analisando os diversos aspectos da estrutura, da trama, da história, de modo a aprender com eles, de pensar no público para o qual você está escrevendo, de estruturar a história para ajudá-lo, inclusive quando estiver com “bloqueio de escritor” e de criar protagonistas de quem os leitores sentam empatia.
Na verdade, FALA SÉRIO! Já comentei a respeito desse aspecto inúmeras vezes: “Escreva uma boa historia e as pessoas quererão ler seu livro. Escreva uma boa história com personagens cativantes, e o leitor irá ler todas as histórias que você escrever com tais personagens”.
A questão, no entanto, permanece: Como fazer com que o público sinta empatia pelo(s) protagonista(s)? Como fazê-lo(s) cativante(s)?
Antes que falar de empatia, comentarei a respeito de outros aspectos importantes. O primeiro deles é a tridimensionalidade do personagem. Ou seja, ele deve manter uma linha de raciocínio e ação durante toda a história. A qual, inclusive, deve estar ligada a sua vida antes da mesma. A sua cultura, a sua ascendência…
Falando em ascendência, uma coisa a se evitar são os estereótipos (imagens preconcebidas usadas para definir e limitar grupos sociais). Exemplos existem de monte e se pode achá-los em diversas histórias: o cientista inteligente, porém incapaz de ver além de sua área; o administrador que só pensa em lucro; o policial que só come rosquinhas; o militar que só quer saber de armas e matança…
Então, de modo a evitar estes estereótipos, o personagem deve ter características que são só suas. Qualidades e defeitos que determinem seus pensamentos, suas ações. E é aqui que entra a empatia.
De origem grega, o termo empatia significava “paixão”, e pressupõe uma comunicação emocional, uma IDENTIFICAÇÃO (e FALA SÉRIO! Essa é a melhor palavra para ser usada) ou compreensão psicológica com o próximo, no caso um ou mais personagens.
Na verdade, áreas de estudo como a psicologia e as neurociências consideram a empatia um aspecto de nossa “inteligência emocional” e a divide dois aspectos. Uma cognitiva, relacionada à capacidade de compreender a perspectiva de outras pessoas, e outra afetiva, relacionada à habilidade de experimentar reações emocionais por meio da observação da experiência alheia.
Em suma é a capacidade psicológica para sentir o que sentiria outra pessoa (aqui no caso um personagem) caso estivesse na mesma situação vivenciada por ela; Tentar compreender os sentimentos e emoções, procurando experimentar de forma objetiva e racional o que sente outro indivíduo (novamente, em nosso caso um personagem).
Mas como fazer isso?
Exatamente com essas qualidades, e defeitos que determinarão quem o personagem é. Se ele for, ou agir, como o leitor faz, ou como ele gostaria de ser, o leitor poderá se identificar com ele.
Por exemplo, até algum tempo atrás tanto o cinema como as séries de TV mostravam uma divisão muito clara entre o bem e o mau. Deste modo, os heróis não podiam fazer absolutamente nada de errado, assim como os vilões não podiam mostrar sinais de fraqueza. Isso gerou muitos personagens dos quais ninguém gostava, ou com os quais ninguém se identificava.
Por quê? Exatamente porque eles não pareciam reais.
O que aconteceu? Os criadores perceberam isso e começaram a dar sentimentos humanos, como a vontade de se vingar, a raiva, por que não dizer a mesquinhez? Com isso, eles criaram uma nova “classe” de personagens que é amada até hoje. FALA SÉRIO! Acho que já deu para perceber que estou falando dos anti-heróis! Personagens como o Wolverine dos X-Men, John Constatine da Vertigo/DC e o Han Solo de Star Wars, só para citar três grandes franquias de quadrinhos, cinema e TV.
Assim, ao criar seus personagens, em especial os protagonistas, considere a história deles antes da trama, suas raízes, o que eles fazem, como são, como agem e como pensam (são amáveis ou rudes? Rápidos ou lentos – não tem aquela pessoa que nunca entende a piada? Tímidos ou Espontâneos? Reservados? Confiantes? Covardes? Ousados? Antipáticos? Generosos? E a lista segue…)
E FALA SÉRIO! Não se esqueça sempre de dar um aspecto impar contrário ao personagem, de modo a deixá-lo mais humano. Algo negativo para o herói, e positivo para o vilão, pois só assim seus personagens serão efetivamente humanos, tridimensionais e chamarão a atenção de seus leitores.
Eu sei que o assunto está resumido, mas as vezes mais um livro seriam necessários para cada um destes assuntos. A ideia aqui é dar uma base para que, com ela, você consiga seguir em frente. Semana que vêm seguiremos com mais aspectos para profissionalizar sua escrita e facilitar a publicação de sua história.
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