Por Gianpaolo Celli, consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS EDITORIAIS
Já há algum tempo comento a respeito desse assunto e cada vez mais o que parece é que o mesmo piora ao invés de melhorar. FALA SÉRIO! A impressão que dá é que o mercado está cheio de pilantras que lembram aqueles que ficam no centro, com uma banca, fazendo aquela brincadeira da bolinha nos três potinhos.
A receita é sempre a mesma: o ‘apresentador’, o ‘comparsa na plateia fingindo ganhar’ e o ‘trouxa que se acha esperto’. Com o tempo junta uma multidão e este metido a esperto resolve tentar a sorte. Normalmente ele faz a primeira aposta baixa, e ganha (porque como qualquer pescador pode confirmar, é se jogando quirera na água que se chama o peixe). Se achando o gênio, ele vai lá e aposta alto. É ai que o cara que está fazendo de ‘banca’ faz o truque e o ‘otário metido a malandro’, se ferra, perdendo alto. E se tiver alguém mais prestando atenção, ele tenta jogar uma isca, pra pegar mais um ‘otário metido a gênio’.
Como sempre, se eles começam a perder tem um terceiro no esquema para gritar ‘rapa’ e todo mundo desaparecer.
Eu sei que a comparação é chula, mas mercado literário (na verdade qualquer mercado) não deixa de ser diferente. Haverá sempre o Joio e o Trigo, os pilantras que estão ali para ganhar dinheiro fácil e os profissionais. E como fazer para não ser presa dos primeiros?
A resposta é simples: – Pesquise muito!
Antes de tentar entrar no mercado, busque saber como ele funciona. Vá a eventos de diversos gêneros literários e converse com profissionais do livro que já conhecem o mercado. Pesquise! E seja teimoso, nunca aceitando só um ponto de vista.
E sempre, antes de enviar seu original a uma editora ou a um agente literário, veja como o mercado se comporta a respeito dele. Converse com autores da editora (ou agente literário) antes de assinar o contrato, eu já disse inúmeras vezes: ‘vá a eventos e converse com profissionais do livro’!
E não só busque ética, mas seja ético e aja como um profissional. Você escreveu seu original? Ótimo!
É evidente que você deve achá-lo bom. Afinal de contas, você o fez. Agora, a questão é a seguinte: é quase certeza que ele não será um best-seller. FALA SÉRIO! Raramente o primeiro livro de um autor é! Na verdade ele não é nem “algo diferente de tudo o que há no mercado”, e principalmente, não vai “revolucionar o mercado editorial” como você gostaria.
Então, não vá com o ego inflado buscar editoras. Assim como não fique desesperado quando começar a receber recusas. Se seguir estes simples conselhos, você dificilmente será alvo de picaretas.
Seu original foi recusado? Bem vindo à lista! É agora, neste momento que você diferencia os profissionais dos amadores: procure descobrir o porquê.
Se a resposta da editora não diz (elas raramente dizem), busque alguém neutro, honesto e porque não dizer profissional para fazer uma leitura crítica e quem sabe lhe dizer os pontos fortes e fracos que achou em sua história.
Assim você possa retrabalha-la e tentar de novo.
Na verdade, e novamente eu já comentei a respeito inúmeras vezes, este seria um dos aspectos do trabalho do Agente Literário, tão desconhecido e mal visto no Brasil. Não é a toa que temos tantos autores chegando crus nos mercado e tão poucos romances nacionais publicados.
Me espanta em ver como as pessoas tentam entrar no mercado literário (na verdade qualquer mercado) sem saber como funciona. Eu me recordo que antes mesmo de lançar meu primeiro livro (na verdade uma noveleta numa série chamada Necrópole), eu, assim como os demais autores, já sabia muita coisa a respeito do mercado: o quanto o autor recebe de Direitos Autorais, quanto do preço de capa fica com a editora, o que é necessário para colocar os livros nas livrarias. Inclusive, isso me lembra de uma conversa que tive com um ‘autor’ que quase me xingou quando respondi que o custo do livro dele (por demanda) sairia quase vinte reais, era impensável pois, para não ter prejuízo na livraria o preço teria de ser mais do que o dobro e que ele, como desconhecido, dificilmente conseguiria vender. E olha que já faz mais de uma década que o primeiro volume da série Necrópole foi lançado.
FALA SÉRIO! Às vezes a impressão que dá é que este pessoal mais novo prefere se ferrar na mão de pilantras a começar certo com a ajuda de profissionais honestos. E como eu já coloquei antes, de pilantra sem ética o mercado está lotado.
Editoras por demanda ou que buscam parceria (quase a mesma coisa que a por demanda, com o escritor pagando, mas a editora que faz a venda) e FALA SÉRIO!, mesmo algumas editoras ditas convencionais atualmente trabalham com um código de ética e moral defeituoso. Nesse meio, desde que trabalho no Aliteração eu já vi contratos assinados que não são respeitados, editores encomendando originais sem contrato e depois não aceitando os livros, ou abrindo selos para ‘sangue novo no mercado’ e cobrando, ou fazendo isso só achar algum youtuber com não sei quantos mil seguidores para publicar. Veja bem, não que eu esteja criticando o ou os youtubers, pois sei que os seguidores que comprarão seus livros normalmente não leem literatura, mas poxa, não precisa só ir atrás do lucro fácil. Abra também para novos escritores! E por favor, ao publicar seus livros, faça um mínimo de divulgação e marketing (ou ajude o escritor a fazer), para que o publico fique sabendo do livro e este venda.
E escritores (e novamente aconteceu de eu receber um e-mail destes) ao enviarem seus originais não coloquem no título da mensagem ou no texto de apresentação que seu livro será um sucesso estrondoso, ou enviem na mesma mensagem, com quem recebe em aberto, para mais de uma editora. FALA SÉRIO! Isso não só é pouco ético, como também se você trata seu original como lixo fazendo isso (ou ele não vale ao menos uma mensagem distinta por editora?), o que você acha que o editor vai fazer?
Eu sei que é complicado, mas aqui no Aliteração mostramos o mercado editorial sem meias verdades!
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