Por Gianpaolo Celli, consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS EDITORIAIS
Como as coisas vão e voltam em ciclos, e na literatura podemos ver isso muito claramente com modinhas, como a dos vampiros indo e voltando, esta tradução de um artigo do jornal americano The New York Times de 2013 recentemente retonou e uma vez mais está dando o que falar.
Para quem quiser ler o artigo na integra, seguem dois links: LINK1 e LINK2.
Explicando sucintamente, o artigo se baseia na colocação de que Vanessa Barbara, a autora, escreveu um livro em 2008 que, publicado após vencer um prêmio literário, só em 2013 vendeu sua 3.000ª cópia. E como ela recebe 5% de Direitos Autorais e o preço do mesmo é em média R$ 45,00, ela ganhou pelo ano em que escreveu e pelos quatro para chegar aos 3.000 exemplares vendidos menos de sete mil reais.
FALA SERIO! Apesar de, com razão comentar que “o brasileiro médio lê apenas quatro livros por ano” e que figurar como convidado de honra da Feira do Livro de Frankfurt em 2013 de nada adiantou para a literatura brasileira – eu me recordo que na época eu comentei a respeito, colocando que a tradução é muito cara e a maioria das bolsas do governo para quem conseguiu uma editora no exterior que se interessasse deu tantos problemas que isso atrapalhou mais a literatura nacional do que efetivamente ajudado – o artigo perde o pé quando coloca que “a menos que seu nome seja Paulo Coelho, escrever é uma ocupação considerada tão útil e rentável quanto coletar ranho de baleia”.
Isso, pois além de já haverem outros escritores no país que, mesmo sem o renome de Paulo Coelho, já conseguem viver de escrita, não só no resto do mundo a maioria dos escritores também tem outra profissão e efetivamente não vive de escrever, de modo que a comparação não é válida.
É evidente que a situação dos escritores no Brasil é pior. O que aconteceu em Frankfurt está longe de ser uma exceção. Se formos analisar o que aconteceu em 2005, no Ano do Brasil na França, apesar de diversos movimentos artísticos como dança e música brasileira haverem sido mostrados aos franceses, nada foi feito pela nossa literatura.
Mesmo assim a comparação com outras profissões ruins, como a dos professores, termina sendo hilária. FALA SÉRIO! Se considerarmos o que vem acontecendo em nosso ensino público, que além de ganhar mal o professor é humilhado, quando não apanha ou é xingado pelos alunos, o que normalmente não acontece com os escritores, a profissão de professor a meu ver é muito mais patética!
Na verdade aqui eu volto a uma colocação que venho fazendo há muito tempo e que poucos escritores consideram: que FALA SÉRIO! Publicar o livro é só o início! Marketing deve ser feito, assim como divulgação, para que o leitor fique sabendo que o livro existe, e cada vez mais essa função não é só da editora, mas também do autor, senão a crítica pode soar como um simples mi-mi-mi.
Isso sem contar, e eu comentei a respeito com um colega de mercado essa semana mesmo, que escrever UM livro não faz de você um escritor profissional. Para criar uma carreira, assim como leitores assíduos o escritor tem de lançar regularmente, pois o segundo livro puxará a venda do primeiro, o terceiro dos dois anteriores e assim sucessivamente.
Assim, se a autora em questão escreveu um livro em um ano, nos demais quatro comentados, ela deveria ter escrito outros ao invés de ficar esperando que seu primeiro do dia para noite se tornasse um best-seller. E FALA SÉRIO! Devia ter trabalhado melhor o marketing e a divulgação de sua obra ao invés de reclamar quatro anos depois.
Se bem que eu mesmo já falei a respeito da piada de que quando você diz que é escritor as pessoas questionam “Não, sério, o que você faz para sobreviver?”
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