Por Gianpaolo Celli, consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS EDITORIAIS
Já há muito venho comentando a respeito de escritores, ou pretendentes a escritores, que mesmo sem ter lançado absolutamente nada se acham a oitava maravilha do mundo editorial e de seu original que, mesmo sem ter sido publicado eles fazem questão de já chamar de ‘livro’.
O estudo de caso de hoje, que também não é o primeiro a respeito do assunto, o qual já passou por mensagens de e-mails enviados para diversas editorias ao mesmo tempo, originais enviados sem a devida apresentação do escritor ou da obra ou (e eu adoro essa) afirmando que o livro é maravilhoso e que quando publicado ele será um best-seller… Isso ou o “minha mãe leu e adorou”. FALA SÉRIO! Teve uma vez quando era editor que ao receber uma dessas, eu questionei “e ela trabalha no meio literário?” e quando o escritor respondeu que não, eu repliquei “então por que você está me dizendo o que ela achou?”
É. Eu sei. Foi indelicado, mas a gente recebe tanta besteira assim que uma ou outra vez precisa responder à altura. E ele mereceu!
O caso de hoje, assunto de uma discussão que tivemos com outros profissionais do mercado, são escritores que se recusavam a publicar seus originais por editoras pequenas e médias, ao menos não antes de, segundo eles “receber a recusa das grandes casas editoriais”.
E olha que estávamos falando de edição tradicional, totalmente bancada pela editora!
Vou dizer uma coisa com a experiência de quem não só é autor como também já foi editor e de uma editora pequena: Eu me recordo quantas vezes não conversamos com as livrarias buscando fazer promoções para chamar atenção de nossos lançamentos, para colocar nossos livros em destaque, de modo que os possíveis leitores os vissem nas livrarias. Isso, porque cada livro era ‘o livro da hora’, ao contrário de uma grande casa editorial, em que o livro é mais um. E FALA SÉRIO! Com os best-sellers vindos do exterior praticamente nunca o mais importante.
Tudo bem que, como foi comentado, atualmente existem editoras bem pouco confiáveis. Na realidade eu já comentei inúmeras vezes sobre o assunto, da necessidade de se verificar “os antecedentes” da editora antes de assinar um contrato. Mesmo assim, FALA SÉRIO! Se a editora e a proposta são serias, não aceitar porque você espera a resposta de uma grande casa editorial não só é burrice, mas como foi colocado acima Mais Ego do que Talento! Isso sem contar que, passado o momento, o interesse por seu original pode se perder.
É como aquela história do caçador que, atrás de uma presa grande deixa passar uma pequena no começo da caçada e uma média no meio. E no fim, por haver ignorado as duas primeiras, termina sem ter o que comer a noite. Porque pode acreditar, não só o momento passa como o editor pode simplesmente recusar sua obra depois de você haver recusado a editora dele.
Podemos concluir então que o problema da literatura nacional não é só das editoras (ou como eu coloquei em artigos anteriores das livrarias), mas também de muitos escritores e seu ego maior do que seu talento.
Até porque não só ao publicar por uma pequena, apesar de dificuldades como a falta de penetração da mesma no mercado, você poderá ter a chance de crescer com ela; como também publicar por uma grande (pelos motivos mencionados acima) definitivamente não quer dizer sucesso garantido.
Isso sem contar que muitos escritores que hoje são best-sellers não só já apostaram em pequenas editoras, como também em publicação por demanda e, por saberem fazer sua divulgação e ajudar no marketing da editora, hoje estão publicando em grandes casas editoriais.
Tá certo! Já tive uma péssima experiência como parceira de uma editora pequena que não era NADA séria, mas não adianta querer colocar todas as editoras de pequeno porte no mesmo saco. Acho que se uma pessoa quer ser publicada ela aceita essa publicação em qual editora for, e a partir daí ela vai sendo reconhecida (ou não) e será publicada em editoras grandes (ou não)
é a vida…