Por Gianpaolo Celli, consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS EDITORIAIS
Há alg23umas semanas esse assunto, que foi tema de diversas discussões no meio editorial no exterior no início do ano. O artigo em questão, do Washington Post tem o título de PUBLISHERS ARE HIRING ‘SENSITIVITY READERS’ TO FLAG POTENTIALLY OFFENSIVE CONTENT, que traduzindo ficaria algo como EDITORES ESTÃO CONTRATANDO “LEITORES SENSÍVEIS” PARA SINALIZAR CONTEÚDOS POTENCIALMENTE OFENSIVOS.
Se você quiser ler o artigo original (em inglês), o link é ESTE.
Agora FALA SÉRIO! Numa época em que o politicamente correto está indo além dos limites do racional com colocações sobre ‘que palavras eu posso ou não usar porque elas são racistas’ e ‘que fantasias se pode usar sem que isso seja uma apropriação cultural’ não preciso dizer que o que me veio à cabeça foi “pronto, o politicamente correto está chegando às editoras”.
Agora, lendo o artigo, eu até compreendo que escritores busquem leitores betas especializados em algum aspecto de suas obras, para melhorá-las. Eu mesmo já comentei a respeito como uma parte importante da pesquisa e desenvolvimento do original, mas FALA SÉRIO! Quando um editor vem falando que “A indústria reconhece que isso é uma preocupação real” e que, como o artigo coloca “leitores sensíveis surgiram em um clima – alimentado em parte pelas mídias sociais – em que os escritores estão sob escrutínio crescente por suas representações de pessoas de grupos marginalizados, especialmente quando o autor não faz parte desse grupo.” Já dá para ver que a coisa está fora de proporção.
Um exemplo citado pelo próprio artigo, e já comentado aqui no Aliteração foi a choradeira que J.K. Rowling causou ao falar a respeito das tradições Navajo na “História da Magia na América do Norte”, que começou uma discussão completamente sem sentido, inclusive, sobre a infame “apropriação cultural”. Quer um exemplo do próprio artigo? Uma destas “leitoras sensíveis”, ao comentar a respeito de seu trabalho “disse que ela está perturbada com a ideia de que está sendo paga por sua experiência, mas também está ajudando autores brancos escrever personagens negros para livros de que eles colhem lucro e louvor.” e que “Parece que estou fornecendo as sementes, as gemas e as joias de nossa cultura, e cria roubo cultural” e que “Por que eu vou te dar todas aquelas pequenas coisas que fazem minha cultura tão interessante para que você possa ir e usá-lo e você não entende?”
Creio que a resposta aqui é simples: FALA SÉRIO! Porque você está sendo paga pra isso! Se não quer “fornecer as joias de sua cultura”, simplesmente não pegue o trabalho!
FALA SÉRIO! Cada vez que eu ouço “minorias”, “leitores sensíveis”, “cuidado para não ofender” a única palavra que me vem à cabeça é CENSURA! Imagino se grandes sucessos como The Animal Farm ou o quadrinho ganhador do Prêmio Pulitzer MAUS, só pra dar dois exemplos, fossem publicados pela primeira vez agora e caíssem nas mãos destes editores “politicamente corretos” e seus “leitores sensíveis”. Como assim você vai fazer uma metáfora colocando que comunistas ou poloneses são porcos? Isso é ofensivo! E judeus como ratos, então? Não pode! Já imaginou?
E sobre a questão da J.K. Rowling é engraçado que usar tradições Navajo seja “apropriação cultural”, mas mitologia grega, nórdica ou mesmo vampiros, cujo folclore seja da Europa Oriental, não seja! PATÉTICO!
Quer dizer, essa mesma leitora crítica termina afirmando que “é mais provável que uma editora publique um livro sobre uma garota afro-americana por uma mulher branca contra uma escrita por uma mulher negra como eu” e o artigo levanta a questão de que gente pergunta “por que não publicar mais livros de negros, latinos, nativos americanos e outros?”.
FALA SÉRIO! Eu mesmo conheço editoras nacionais e importadas focadas em material escrito por minorias, que inclusive quando eu conversei com eles, eles não se interessaram por meu original que é uma fantasia steampunk, então antes de afirmar que existe preconceito no mercado, me apresente seu original! Porque ficar choramingando é mais fácil do que sentar em frente ao computador dia após dia por meses e escrever um manuscrito!
Muito bom seu artigo. Sigo-o sempre. Todos eles me dizem ou ensinam sobre o escrever.
Concordo plenamente com o que foi discutido. Tenho um romance que, acho, se enquadra fora do politicamente correto. E a desculpa da Livraria foi de que há problema de internet, (não sabe quando o problema vai ser solucionado). O assunto é: sedução na internet