BASTIDORES LITERÁRIOS – SERÁ QUE SÃO CLICHÊS… SÓ DOS ESCRITORES BRASILEIROS? Parte 1 de 2


Por Gianpaolo Celli – consultor do ALITERAÇÃO SERVIÇOS EDITORIAIS

 

 

Recentemente eu li o artigo de um blog falando a respeito do que ele imaginava serem os “clichês dos escritores brasileiros de literatura fantástica”. O interessante é que o artigo foi originalmente publicado em 2013 e, mostrando como mercado é cíclico, ele uma vez mais voltou à baila nas redes sociais, e deste modo, como eu não comentei a respeito de sua publicação original, vou discorrer um pouco a respeito agora. Vamos a eles então:

 

Eu já comentei a respeito mais de uma vez. É interessante que os críticos reclamem quando escritores nacionais colocam suas histórias acontecendo no exterior, mas não liguem em ler quando autores americanos coloquem suas histórias acontecendo em Londres ou na Europa. Acho engraçado que para esses críticos só exista nacional e internacional, de modo que autores internacionais possam escrever suas histórias onde quiserem, não importando o país.

É evidente que se você quer escrever sobre uma cidade ou país no exterior deve antes pesquisar a respeito, mas isso é óbvio, pois você deve pesquisar quando escreve sobre sua própria cidade. FALA SÉRIO! Já vi autor que mora em São Paulo confundindo estilos de catedrais e colocando becos sem saída sujos em bairros nobres onde os mesmos não existem, ou seja…

Outro clichê comentado foi escritores que querem reescrever a Bíblia. O interessante é que aqui o ponto não é o assunto em si, mas a ignorância do crítico em relação à literatura mundial. Há algum tempo atrás comentei a respeito de clichês, mas num contexto internacional, e um dos clichês levantados por uma famosa revista de literatura fantástica foi o de “histórias baseadas em vestígios da mitologia judaico-cristã”. Assim, novamente este não é um clichê de escritores brasileiros, mas de escritores amadores de uma maneira geral.

 

Vampiros é nosso próximo “clichê brasileiro” e uma vez mais eu retorno à mesma revista internacional, que comenta que não querem receber histórias de “vampiros sexy, lobisomens devassos, bruxas malvadas e crianças demoníacas”, pois o mercado está tão cheio delas que elas já se tornaram clichê… FALA SÉRIO! Uma vez de escritores amadores de uma maneira geral, não só de brasileiros.

 

O próximo é a respeito dA Jornada do Herói e clichês como do protagonista ser ‘o escolhido’. O interessante é que não só inúmeros best-sellers trabalhem o conceito (como Harry Potter, por exemplo), mas também a maioria dos livros e cursos de escrita comentam a respeito. Na verdade até este vídeo  do TED (comunidade global que não somente acolhe pessoas de todas as disciplinas que procuram uma compreensão mais profunda do mundo, como acredita no poder das ideias para mudar atitudes, vidas e, finalmente, o mundo), apresenta a Jornada quase como uma receita, daí quando o escritor nacional tenta usá-la, recebe críticas.

Veja bem, eu mesmo sou um estudioso de mitologia comparada e da obra de Campbell, mas tenho que concordar que seguir a Jornada, inclusive a indicada no vídeo cima, como se ela fosse uma simples receita de bolo, usando os caminhos mais fáceis, que exatamente por serem os mais simples são os mais usados e se tornam clichês, para resolver sua história.

O que fazer? FALA SÉRIO! Novamente se aprofundar e tentar ir além, agregar algo seu na história ao invés de só seguir a receita. Afinal, fazendo isso você só terá uma cópia do que já existe.

 

Semana que vem eu terminarei de comentar o restante dos “clichês”, mas o ponto que eu quero chegar já aqui é que na verdade dizer que estes, como outros clichês não são uma exclusividade do escritor nacional, mas que estão presentes nas obras de inúmeros autores iniciantes mundo afora, e que dizer o inverso demonstra não só um enorme complexo de vira-latas, como também demonstra uma total ignorância do mercado internacional.

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