[ Bastidores literários]O que está acontecendo nos quadrinhos, tv, cinema e literatura?


Esta semana eu estava numa roda com outros profissionais do mercado e neste vai e vem de assuntos, terminamos conversando a respeito do que está acontecendo com os quadrinhos. Como o assunto me lembrou de um artigo publicado aqui no final de outubro do ano passado, cujo nome era Os Melhores Autores Nacionais… E A Grama do Vizinho, e discorria a respeito da colocação de um editor e dono de uma grande editora nacional que, durante uma palestra na feira de Frankfurt comentou que “os melhores autores do país estão escrevendo novela”, resolvi comentar a respeito, pois seja TV ou cinema, quadrinhos ou literatura, o assunto aqui é entretenimento e cultura, de modo que, como eu já coloquei aqui, uma coisa sempre influencia as outras.

Mas voltando a situação pela qual está passando o mercado de quadrinhos, de grande queda nas vendas, vamos ver algumas das causas. Segundo alguns analistas a causa disso é a diversidade que estão tentando impor nos quadrinhos desde o final dos 2015 chamada “All-New, All-Different” (algo como “Tudo Novo, Tudo Diferente”) em que as editoras estão mudando características básicas de alguns personagens de modo a criar diversidade. Aí, quando as vendas caem, eles soltam um “o motivo para a falta de entusiasmo do público sobre esses quadrinhos é que as pessoas não queriam mais diversidade. Eles não queriam personagens femininas”. Eu lembro que minha resposta para quando citaram esse comentário foi colocar que muitas séries de TV foram canceladas porque o ator que fazia o protagonista por algum motivo deixou a série. Quer dizer, a audiência se apega ao personagem, se ele muda, pode ser que mesmo mantendo o padrão a história algumas pessoas parem de assistir. E FALA SÉRIO! Se muitas pessoas fizerem isso…

Quer uma analogia para o que eles estão fazendo? O que você faria se pedisse um bife num restaurante e viesse um frango? Ou vice-versa, ok? Não que um seja superior ao outro, só são diferentes. E mais importante: não o que você pediu! Um bom exemplo disso é a indústria de refrigerantes: quer dizer, eles criam versões zero, versões, light, diet, com este ou aquele sabor, mas mantém o produto principal, não viram para o consumidor e falam “agora você terá de consumir isso!”. E pior, quando as vendas despencam, ainda põe a culpa no cliente!

Quer dizer, é totalmente diferente você pegar um personagem que recebeu os poderes de outro como um legado, ou um grupo, em que os personagens eventualmente mudam, de você pegar um personagem chave e simplesmente mudá-lo. FALA SÉRIO! Eu mesmo já li comentários do Stan Lee dizendo que quando ele fez essas mudanças, não sei quantos anos atrás, inúmeros leitores reclamaram. O mesmo Stan Lee (criador de muitos desses personagens) que não só criticou a ideia, como também comentou que ao invés de simplesmente trocar os personagens, eles deveriam simplesmente usar a criatividade e trazer personagens novos, que trouxessem essa diversidade.

O interessante, inclusive, é que ao mesmo tempo em que eles estão fazendo isso, vemos respostas positivas em diversas séries de TV e filmes de cinema que, ao invés de tentar impor pontos de vista, mantém o que as pessoas querem assistir. Por que eu estou comentando a respeito? Porque este é um caso que claramente vemos a interferência de profissionais que nada tem a ver com a criação, mexendo onde eles não devem e terminando causando um estrago, coisa que eu já vi acontecer com séries temáticas no meio literário, que os editores resolveram mexer “num time que está ganhando” e terminaram fazendo as vendas caírem. Coisa, inclusive, que eu também já comentei no inicio deste ano no artigo Quando O Livro Não Vende a Culpa é de Quem?

Isso quer dizer que editores não sabem o que estão fazendo? Que os escritores sabem o que estão fazendo e não deveriam ser incomodados? FALA SÉRIO! Eu não disse isso, só comentei que, como já ouvi mais de uma vez, são todos seres humanos, passiveis de cometer erros. O ponto é se vão aceitar a culpa que lhes cabe no caso e aprender com ele?

Antes de terminar, só um par de colocações a respeito do comentário de que “os melhores autores do país estão escrevendo novela”, que eu terminei não fazendo no artigo original. Lá era colocado que isso acontecia, pois a Globo tem um centro de desenvolvimento de roteiristas. Apesar de uma vez mais voltamos ao assunto da necessidade do escritor de ler livros, participar de cursos para se desenvolver, mesmo assim temos que:

1 – enquanto livros são escritos normalmente por uma ou duas pessoas, roteiros de novela passam por diversas mãos antes de serem considerados prontos;

2 – se estes profissionais são tão geniais como se está dizendo, por que o seriado Supermax foi um fracasso?
Será que uma risada maligna cairia bem agora? Ou basta um FALA SÉRIO?

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