É interessante que o LinkedIn tenha indicado um artigo sobre Fazendas de Curtidas, assunto que eu já comentei em meados de 2015 no artigo O Lado Negro do Facebook e o Mercado Editorial, exatamente na mesma semana em que, numa conversa a respeito do mercado editorial, um dos profissionais falou exatamente de como essa indústria, no caso do mercado editorial, evoluiu para uma indústria de compras de resenhas positivas.
Na verdade se analisarmos, o que vemos aqui é novamente uma indústria surgida no meio acadêmico, como eu mesmo já expliquei inúmeras vezes em artigos, palestras e cursos, que aconteceu com a publicação por demanda. No caso das resenhas, pessoas descobriram que a existência de resenhas positivas em contos, noveletas e livros, em especial na Amazon e outras plataformas de publicação online, aumentavam a visibilidade da obra e começaram a vender este serviço.
Dois pontos interessantes a respeito desse tipo de “industria” são que:
inicialmente FALA SÉRIO!, ela não é nova. Existe, que eu me lembre, dois casos famosos sobre isso. No primeiro o cantor Mac Hammer, que era ligado a uma igreja nos EUA, e em 1990, quando lançou seu primeiro álbum, pediu para que os fieis ligassem para todos para a MTV insistentemente pedissem a música U Can’t Touch This. O resultado foi que o single não só ficou famoso, como lançou sua carreira internacionalmente (eu mesmo me lembro do clip tocando na MTV brasileira). O segundo aconteceu exatamente no meio editorial. Um escritor pesquisou até descobrir de onde um famoso jornal tirava as estatísticas de venda para sua lista de Mais Vendidos e, indo aos lugares certos, comprou dez mil de seu livro, colocando-o instantaneamente na lista de mais vendidos e criando com um isso um fenômeno.
Depois, que um caso recente de um e-book que ficou famoso e estourou, virando até filme, e se você não está reconhecendo estou falando de Perdido em Marte, do escritor Andy Weir, que aconteceu exatamente porque o escritor começou a fazer promoções de seu livro e, devido às inúmeras resenhas positivas, o livro chegou aonde chegou.
De qualquer modo, já dá para saber qual será o resultado! É claro que estas plataformas responderam a este movimento, que segundo elas criava estatísticas falsas dos livros em seus sites, infectando o posicionamento dos mesmos, criando um algoritmo verificador que, ao invés de fazer uma revisão criteriosa, simplesmente cancela diversas resenhas, especialmente quando as mesmas são feitas em obras de autores iniciantes ou independentes.
Na verdade a conversa começou exatamente com o escritor em questão comentando que um leitor seu havia lhe enviado uma mensagem dizendo que tentou mais de uma vez escrever uma resenha e que no caso a Amazon havia excluído a mesma. No caso, ele só conseguiu que a resenha fosse aceita quando enviou uma mensagem dizendo que a mesma era real. Agora, FALA SÉRIO! Quantas pessoas terão a paciência de fazer isso?
Ou seja, o dano colateral da reação, no caso da Amazon, afetará não só exatamente os escritores que eles usaram para crescer, como também, e para variar, os iniciantes e independentes, em quem este tipo de coisa atrapalhará mais, pois são os livros desconhecidos que uma resenha positiva ajudaria efetivamente a conseguir vendas, que foi o que levou esses escritores a escolher essas plataformas.
Qual será o próximo capítulo desta “novela”? Será que essas plataformas de publicação compreenderão o problema e tentarão ser mais flexíveis? Ou será que os escritores terão de escolher outras vias para publicarem de maneira independente?
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