DOCTOR WHO, JAMES BOND, A MARVEL E A MITOLOGIA BRASILEIRA
A primeira coisa que deve ter passado por sua cabeça ao ler esse título deve ter sido: O que? FALA SÉRIO! Como estes assuntos podem estar entrelaçados? E ainda, como o assunto pode estar relacionado à literatura? Bom, tendo em vista que o assunto da semana é o Pantera Negra e como, mesmo fazendo a coisa certa, ainda tem gente criticando o filme (é, eu também fiquei espantado com isso, tanto que, para variar, existe até piada disso na net). Na realidade esse “assunto” não é nada novo, pois ano passado já houve uma polêmica mudança do ator que faz o protagonista da série Doctor Who para uma mulher, o que gerou inúmeras reclamações mundo afora. Se você ainda entendeu, ou está por fora do assunto, relaxe e continue lendo, pois eu explicarei tudo.
Como coloquei, mudaram o gênero do protagonista da série Doctor Who e tudo o que se ouve são críticas. De quem não gostou da ideia, daqueles que aceitaram a ideia àqueles que não gostaram e finalmente (e pasmem) críticas de pessoas que estão reclamando, pois apesar de mulher, a protagonista ainda é branca e magra, não gorda, negra e transexual. Agora, o que isso tem a ver com a Marvel? Além da questão do Pantera Negra, se você segue o quadrinho, ou o que está acontecendo no mundo dos quadrinhos já deve saber que modificaram inúmeros heróis, como o Homem-Aranha de origem mexicana, o Hunk de origem asiática, a Thor e o Homem de Ferro que ao invés de um homem branco é uma mulher negra. O que houve? Tais mudanças criaram um rebuliço no meio dos fãs, muitos dos quais deixaram de comprar as revistas, Qual foi a resposta da Marvel? Dizer que a culpa das baixas vendas é dos fãs, que são preconceituosos.
Agora, estamos falando de um produto, o qual o consumidor pode ou não comprar. É como a série cinematográfica 007. Existem os fãs que acham que o único verdadeiro é o interpretado pelo Sean Connery. Aqueles que, como eu, começaram a assistir com o Roger Moore e, portanto, veem ele como o James Bond original. E ainda os que começaram a assistir a série com os novos atores, como oTimothy Dalton (que não fez muito sucesso), o Pierce Brosnan, que os que gostaram do Roger Moore gostam, pois achavam os maneirismos dele semelhantes, e o Daniel Craig, o mais receite ator a interpretar o 007. Perceba que não existe preconceito na escolha. Cada pessoa gosta de um James Bond diferente por razões pessoais, podendo assistir ou deixar de assistir os filmes de acordo com sua vontade. Inclusive, e foi engraçado, pois eu mesmo considerei a respeito devido ao barulho que se deu com a escalação de uma atriz para o protagonista do Doctor Who, em como seria a resposta do público para uma possível “Jane Bond” (fala sério! Eu até comecei a considerar um conto/crônica a respeito), e pesquisando vejo que ainda essa semana os produtores da série não só cogitam em fazer a mesma coisa, como já se está considerando em Gillian Anderson, de Arquivos X, para protagonizar o papel.
Agora, o que tudo isso tem a ver com literatura ou mitologia brasileira? Bom, acontece que já há muito existem críticos que comentam que os escritores brasileiros de fantasia só se apoiam na mitologia europeia para criar seus mundos fantásticos e que, apesar de rica, a mitologia brasileira está às moscas. O problema é que, como mencionado acima, livro, como o filme ou a série de TV, é um produto que o público deve escolher consumir, de modo que não adianta querer vender mitologia brasileira para alguém que está buscando algo semelhante a O Senhor dos Anéis, Harry Potter ou Guerra dos Tronos. Este último, inclusive, escrito por um norte americano, que ao invés de usar a rica mitologia dos nativos de seu país, bebeu na mitologia europeia para sua obra. FALA SÉRIO! Até onde eu me recordo, nunca vi ninguém reclamar de um americano fazer isso, então porque criticar o brasileiro, chamando-o de colonizado? Creio, inclusive, que as pessoas que criticam os autores nacionais, em suas casas também assistem seriados enlatados, que são praticamente a unanimidade na TV.
Seria como um dia ir a sua churrascaria preferida e o invés de carne servirem para você linguiça vegetariana, picanha de tofu ou maminha de carne de soja. O que aconteceria? Não só você deixaria de comer ali, ao menos quando buscasse uma churrascaria, como não necessariamente a pessoa que é vegetariana fosse passar a comer ali, de modo que… Quer dizer, independente do produto, seja Doctor Who, James (ou Jane) Bond, Homem-aranha, Hulk, Thor, Homem de Ferro ou Pantera Negra, existe basicamente dois tipos de pessoa: aquela que consome o produto e aquela que não. Não adianta os produtores tentarem enfiar goela abaixo do público algo que ele não quer, só porque pessoas que não consomem e que, FALA SÉRIO! em sua maioria não passarão a consumir após a mudança, reclamam a respeito. Pode ser que, no caso do Doctor Who e do James Bond, a mudança dê certo e o público termine gostando, mas caso isso não aconteça, como não aconteceu na linha de quadrinhos, quem morrerá com a dívida serão eles mesmos. E apesar de esperar que Pantera Negra faça o sucesso esperado pelos fãs, me desculpem, mas tentar dar ao problema um viés de preconceito é, ao menos em minha opinião, patético!
O artigo disse tudo que precisa ser dito. Essa babaquice politicamente correta tentando empurrar aos consumidores o que eles não desejam (e os culpando por isso) é uma das insanidades modernas mais absurdas da área de entretenimento. E é o que sobrou, uma vez que tentar fazer novos “heróis”, por exemplo, não atrai os não consumidores cricri que adoram criticar, como bem provou o fracasso editorial de porcarias engajadas como a “Imparável Vespa” que parou logo na oitava edição (https://jornalivre.com/…/hq-feminista-da-marvel-fracassa-a…/) e a série Sense8 9https://contraditorium.com/2017/06/04/histeria-de-sense8-como-os-fas-pirracentos-nao-entendem-como-netflix-ou-mundo-funcionam/comment-page-1/).
Algo me diz que os lacradores não irão parar até devastar todo tipo de franquia que conseguirem…coisas da revolução…né?