Já há algum tempo eu venho considerando escrever este artigo. Isso, pois não só desde há muito que se ouve que “o escritor brasileiro não está pronto para o mercado”, como também que “as novelas brasileiras estão entre as melhores do mundo”. O interessante é que enquanto do escritor nacional de gênero já ouvi ou li, as frases iam desde ‘pouco profissional’ passando por ‘escreve mal’ ou ‘não sabe escrever’, até ‘só sabe copiar’ se fazia falar bem de nossas produções. O ponto, entretanto, é que, indo da última colocação sobre os escritores a primeira podemos citar inicialmente o filme ‘O Candidato Honesto’. Aqui não tem nem desculpa, pois já em sua apresentação o filme diz ser “uma versão abrasileirada do filme ‘O Mentiroso’”. FALA SÉRIO! Isso nada mais é do que uma cópia barata! Imagino, inclusive, o que seria dito pelos críticos de uma obra literária nacional que já de começo se apresenta como “uma versão abrasileirada” de algum livro importado. Ela nem seria lida, pois nem passaria pelo crivo dos editores.
E se isso pode ser dito do filme, o se pode dizer a respeito das novelas ‘Orgulho e Preconceito’, digo ‘Orgulho e Paixão’, ‘Orgulho e Preconceito’ é o clássico de Jane Austen que a novela se apresenta como “livremente inspirada” (termo semelhante a “uma versão abrasileirada”) e ‘Deus Salve o Rei’, que cuja equipe de criação aceitou que usou ‘Guerra dos Tronos’, assim como outros filmes e séries, como ‘Vikings’ como “material de pesquisa”?
FALA SÉRIO! E ainda tem gente que diz que quem gosta dos originais vai gostar das “versões nacionais”! Antes de ouvir alguém comentando que isso realmente pode acontecer, eu gostaria de lembrar um famoso episódio do meio editorial em que após comentar que seu livro era parecido com um best-seller internacional, o autor ouviu do editor que “se á existe um original, por que o leitor quereria ler uma cópia?” e, evidentemente, recusou o original. Infelizmente isso de copiar não é novo, nem algo só dos brasileiros. O Guarani e Lucíola, ambos clássicos da literatura brasileira, na verdade não passam de “releituras” de Romeu e Julieta e de A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas. E falando de Romeu e Julieta, o livro Estrelas Perdidas, livro da nova leva de Star Wars, não deixa de ser uma versão de Space Opera desta obra de Shakespear. Não que a obra, como os clássicos apresentados acima, não tenham pontos extremamente positivos, mesmo assim não deixa de ser, ao menos em relação à ideia por trás da história, uma cópia.
De qualquer modo, o que está acontecendo? Quem está errado? Será que é o escritor? O editor? Ou os roteiristas? Pois estes trabalham para as redes de TV, ao contrário dos escritores, que escrevem sozinhos e normalmente têm de apresentar seus originais às editoras. Ou será que o público leitor é mais criterioso do que o que assiste TV? Ao menos à TV aberta. Afinal, quando se comenta a respeito da qualidade do núcleo de criação da TV nacional, não podemos deixar de lembrar-nos do fracasso da série Supermax.
Na realidade tudo o que eu fiz até o momento foi uma crítica, bastante necessária eu aceito, à TV nacional, pouco comentado a respeito do trabalho dos escritores de gênero nacionais, que realmente em sua maioria são muito pouco profissionais. A colocação pode parecer dura, mas a razão disso é que o meio literário nacional ainda está longe de atingir sua maturidade. Isso, pois se poucos são os cursos de escrita profissional, mais raros ainda são os profissionais sérios de agenciamento, como acontece no mercado internacional. Assim, os escritores tateiam raramente cônscios da necessidade de seus projetos de passarem pelas mãos de profissionais de Leitura Crítica antes de serem enviados a uma editora. Estas últimas, por sua vez, não somente contam com poucos profissionais que efetivamente sabem analisar e trabalhar um original. Um projeto cru, não um livro que já possua dados de venda no exterior. E porque estão acostumadas a comprar direitos de best-sellers internacionais, não tem a devida experiência em fazer uma divulgação e um marketing efetivos para uma obra desconhecida pelo público.
FALA SÉRIO! Isso é tão verdade que já vi uma profissional do meio literário dizendo, numa palestra, que a editora que comprou Harry Potter teve dificuldade de vendê-lo antes do lançamento do filme, que para o livro na realidade não passa de um golpe de marketing de milhões de dólares. Isso sem contar o caso da trilogia de distopia e steampunk Mortal Engines. Lançada há alguns anos sem nenhuma divulgação ou marketing. O resultado foi que os livros terminaram indo parar até nas maquinas de venda de livros do metro a preço de banana. Agora, no entanto, com o filme despontando no final do ano, os direitos já estão nas mãos de uma grande editora. Vamos só esperar que isso dê um impulso no gênero steampunk, como acontece com os vampiros, que de tempos em tempos voltam à moda.
De qualquer modo, o que você, como eu, escritor pode fazer a respeito? Pode parecer pouco, tendo em vista a diferença de tamanho entre você e as grandes editoras, ou as redes de livrarias, não é verdade? Mas a ideia é que você deve fazer sua parte, aparecendo em eventos, de antologias e coletâneas, publicar contos online de modo a criar uma base de leitores, fazendo marketing e divulgação de seu nome antes mesmo de publicar seu primeiro romance.
Isso sem contar estudar e melhorar seu estilo, se profissionalizar, investir em seu original buscando ajuda de profissionais do meio literário para leituras críticas e revisões de modo a ter um projeto efetivamente pronto para apresentar para as editoras, sejam elas grandes ou pequenas, que não só pode m se interessar por seu original, como dar mais importância a ele do que uma grande, no qual ele será só mais um no catálogo.
Sobre este último item, inclusive, posso dizer que além de escritor e editor, eu mesmo já há algum presto serviços de leitura crítica!
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