[Bastidores literários] Afinal, qual a diferença entre as leituras beta e crítica


Nestes últimos dias tanta gente veio me procurar a respeito de LEITURA CRÍTICA colocando que já haviam feito Leitura Beta e questionando a respeito da diferença que eu realmente percebi que, apesar de já haver tratado do assunto mais de uma vez, já era hora de voltar ao tema.

A primeira coisa que me vem à cabeça quando o assunto é a diferença entre estes dois tipos de leitura é quase uma piada da época em que eu era editor. Um dia um escritor apresentou um original comentando que a mãe dele, assim como os amigos, havia lido e adorado. Minha resposta foi “que bom! Qual eles será o editor de sorte que publicará o livro? Porque se nenhum deles é um profissional do mercado editorial, eu não dou à mínima”. FALA SÉRIO! Não precisa que ele ficou bastante desconcertado com o balde de água fria. Na verdade eu tenho que aceitar que fui um pouco maldoso no comentário, mas às vezes é preciso mostrar aos novatos que antes de correr eles têm que aprender a andar.

Até porque tirando o caso de um leitor, seja ele beta ou crítico, com renome, que serviria, inclusive, como uma entrada na editora, com o leitor, não o escritor apresentando a obra, toda a informação que ele dará sobre o original é algo entre ele e o escritor. Inclusive, esta é uma das diferenças chave: A INFORMAÇÃO! Mas vamos às diferenças entre essas duas leituras:

A primeira e mais crucial diferença é que enquanto a Leitura Crítica deve ser feita por um profissional do mercado literário/editorial, a Leitura Beta pode ser feita por um leitor comum que goste ou conheça o gênero que você escreve.

Ou seja, enquanto o Leitor Beta simplesmente te dará uma opinião a respeito da história, o Crítico comentará a respeito dos mais diversos aspectos da história e terminará com um relatório que apresentará as características positivas e negativas da obra. Com isso o escritor poderá realçar os pontos fortes e retrabalhar os pontos fracos, melhorando com isso o potencial de publicação da obra.

Aqui, inclusive, cabe um comentário relevante a respeito de uma comparação em que os autores nacionais são criticados e os importados enaltecidos. Traduzindo: escritores nacionais não prestam! FALA SÉRIO! Inicialmente não só existe muito lixo sendo publicado no exterior, como só o que estourou e vende é traduzido e trazido para cá. Isso sem contar que eu mesmo já li muitos destes chamados best-sellers e posso dizer que eles nada são além de um imenso golpe de marketing, pois são um enorme caldeirão de clichês mal costurados!

Inclusive, falando em clichês, alguns dos pontos trabalhados pelo Leitor Crítico são:
– A Inovação e a criatividade desde a ideia em si e de sua apresentação, julgando se a temática é interessante e chamará atenção do leitor que você espera atingir;
– Passando pelos personagens, verificando sua construção e considerando se eles são arquetípicos ou estereotipados, e se haverá empatia do leitor para com os mesmos;
– Daí será analisada a verossimilhança da história e do universo no qual ela passa, verificando se ambos se apresentam reais ao leitor;
– Deste ponto analisamos o ritmo e apresentação da trama e sua estrutura, não só averiguando se o enredo se mantém interessante ao longo de toda narrativa;
– Como também investigando se os pontos de vista (PDV) e de observação (PDO) de cada cena ou sequência são sempre os melhores, considerando se os dilemas, confrontos, revelações e pontos de tensão (cliffhangers) estão sendo utilizados com todo seu potencial, de modo a prender a atenção do leitor até a derradeira conclusão da história;
– Além disso, os diálogos são analisados, com ênfase em se a linguagem de cada personagem está verossímil com seu background;
– Finalmente é verificada a adequação da obra ao público-leitor que se destina, assim como a apresentação final do projeto.

Com isso, como eu já mencionei, um relatório é enviado ao autor com o que ele poderá e deverá (porque existem, inclusive, pesos em relação aos elementos, alguns que podem ser mantidos ou retrabalhados e outros que necessariamente ser modificados ou retirados da obra) fazer de modo a potencializar a chance de a obra ser publicada.

Porque como eu mesmo já comentei, ser publicado é só o primeiro passo de um livro. FALA SÉRIO! Seu objetivo final é, ou deveria ser, ser lido! De qualquer modo, e aqui eu tenho de voltar ao ponto das diferenças entre os mercados internacional e nacional. A primeira delas é o profissionalismo. O escritor brasileiro em sua maioria é amador, achando que o que ele faz é ótimo e que seu livro “será um marco de mudança no mercado”, enquanto mesmo escritores internacionais profissionais com inúmeros livros publicados ainda fazem que seus originais passem nas mãos LEITORES CRÍTICOS que os ajudarão a deixá-los perfeitos antes de considerar entregar a uma editora.

QUE FALA SÉRIO! É EXATAMENTE O QUE O ESCRITOR NACIONAL DEVERIA FAZER! ENTÃO SE VOCÊ TEM UM ORIGINAL E ESTÁ BUSCANDO UMA LEITURA CRÍTICA, FALE COMIGO!

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