A semana já começou agitada para o mercado editorial quando o Publishnews apresentou um artigo comentando a respeito do pedido falência de um fornecedor à Saraiva por uma dívida de aproximadamente R$ 60 mil. Para saber mais – veja aqui.
Na realidade a própria Saraiva indicou no final de maio haver fechado o primeiro trimestre no azul, mas somente após renegociar prazos de pagamento com fornecedores. Isso depois de haver fechado o terceiro trimestre de 2017 com prejuízo, de modo que FALA SÉRIO!, o que estamos vendo está longe de ser uma exceção.
Tanto isso é verdade que na semana passada a Livraria Cultura comunicou que fecharia a loja de Pinheiros da FNAC, marca a qual comprou recentemente, pois a mesma era deficitária. Isso sem contar que mês passado, no início de maio, quatro outras lojas haviam sido fechadas. Isso porque, como a Saraiva, também em maio a Livraria Cultura comunicou diversas editoras a respeito de alterações nas condições comerciais. E isso só falando de noticias atuais, pois ano passado tivemos o fechamento da loja da Leitura recentemente aberta na Avenida Paulista…
Em inúmeros artigos anteriores eu comentei a respeito da questão do preço do livro e da dificuldade das editoras, em especial as pequenas de venderem seus livros.
Isso, pois as livrarias não só pedem 50% do valor de capa do livro (uma das mudanças que a Cultura pediu foi ter 55%), como fazem consignação das editoras e distribuidoras, só efetuando os pagamentos após haverem vendido o livro e ainda efetuando os pagamentos somente após 90 dias (outra mudança que a Cultura pediu foi efetuar esse pagamento em 120 dias úteis). Só para você raciocinar um livro que a editora pagou à gráfica, porque a maioria das editoras não tem gráfica própria, em três meses, só será pago meio ano após sua venda. Ou seja, segundo essa regra um livro vendido no natal, o qual pode ter sido publicado e consignado no primeiro semestre, só seria pago à editora por volta de 15 de junho do ano seguinte, ou em meados de agosto caso a venda à livraria tenha sido feita por uma distribuidora, ou seja: FALA SÉRIO!
Isso, sem contar que atualmente a maioria dos espaços de destaque nas livrarias, como pontas de gôndola, pilhas e espaços na vitrine atualmente são pagos… E ainda assim as livrarias estão mal das pernas?! O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO COM O MERCADO EDITORIAL?
Na realidade o que está acontecendo, e eu cheguei a ver comentários se inúmeros profissionais tanto do mercado internacional como do nacional com os quais discuti a respeito, é que O MERCADO EDITORIAL NÃO SOUBE SE ATUALIZAR. E apesar de mais direcionado às editoras, nem por isso o comentário é menos válido para as livrarias. Quer dizer é possível ler um e-book no celular? Sim! Mas FALA SÉRIO! Também é ouvir música, jogar, até assistir televisão. Há vinte ou trinta anos o que se tinha como opção de entretenimento era TV aberta, cinema ou livro. Daí surgiu os jogos eletrônicos e os computadores, mas ainda eram grandes e, como no caso da TV a cabo, só dava para usar em casa.
Veio então a internet, os jogos portáteis, os celulares… Ou seja, tecnologia se desenvolveu e a única coisa que o mercado editorial apresentou foi o e-book, que além de só se tornar uma opção viável com o surgimento dos e-readers, continua não sendo páreo para dos demais meios de entretenimento, especialmente no Brasil, em que a tradição de leitura praticamente não existe.
E, como eu mesmo já comentei em artigos, palestras e cursos, essa mesma tecnologia fez com que o número de publicações aumentasse vertiginosamente, de modo que as livrarias tiveram de crescer em tamanho, e isso representa um custo que ela não estavam preparadas. E em quem elas estão “descontando” esse atraso? Nas editoras, que como eu comentei anteriormente, ficam enforcadas por terem de pagar uma publicação em três meses, vendê-la em um ou dois anos e FALA SÉRIO! Ainda ter de esperar meio ano para receber o livro que foi vendido, após ele vender, pois normalmente ele é consignado,
O que fazer? Apesar de não existir uma resposta definitiva, uma boa ideia seria campanhas que encorajem a formação de leitores (que até deveria ser função do governo, mas que no caso não se pode confiar) e FALA SÉRIO! PARCERIAS ENTRE LIVRARIAS, EDITORAS, BLOGUEIROS E BOOKTUBERS de modo a chamar atenção do público. Afinal de contas, se vai muito mais longe em grupo do que se vai sozinho.
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