Para celebrar o dia da liberdade de imprensa – 3 de maio, uma resenha escrita pela jornalista Beta Oliveira, sobre um livro de outro jornalista, correspondente da Globo. Um caso que mobilizou o mundo.
Um professor e 12 crianças presas em uma caverna na Tailândia se tornaram manchete mundial. Muitas pessoas se mobilizaram em orações. Outros usaram todo o treinamento, conhecimento e tecnologia de que dispunham para poder resgatá-los.
Parece irreal, mas aconteceu.
Não era uma história fácil de contar, havia muito em risco e muitos fatores de empatia: meninos que jogavam futebol saem para passear com o técnico e ficam presos em um local de difícil acesso por dias. Ninguém sabia se eles estavam ainda vivos. Diante da boa notícia, outra preocupação: como tirar todos em segurança do local.
Não é à toa que parece ficção. Se fosse um filme, a gente diria “ah, não é possível. Inventaram demais”. A vida supera a ficção.
O mérito é contar as histórias paralelas, afinal de contas, a intensa cobertura da imprensa trouxe detalhes – e como o livro lembra, o grupo ficou preso 18 dias na caverna e, no início, “competia” com a Copa do Mundo.
Então ele narra os bastidores de ser deslocado para a Tailândia para acompanhar os trabalhos e contar a história. Também relata as curiosidades, os fatos que tornam a cultura do país única e que de alguma forma fizeram parte de todo o esforço para resgatá-lo.
“Muitos dos que participaram in loco da mobilização pelos meninos dizem ter saído diferentes dessa história. Sobre isso, tomo a liberdade de compartilhar um pensamento. Em “Notas sobre a experiência e o saber da experiência”, texto disponível na internet, o doutor em Pedagogia pela Universidade de Barcelona, Jorge Larrosa Bondía, diz que experiência ‘não é o que se passa ou o que acontece, mas o que nos passa e nos acontece, e,ao nos passar e nos tocar, nos forma e nos transforma’. E que ‘nunca se passaram tantas coisas, mas que experiência é cada vez mais rara’. Muito, na opinião dele, por causa do excesso de informação. ‘Informação não é experiência, informação não deixa lugar para a experiência, ela é quase uma antiexperiência’. O professor complementa: ‘O sujeito da informação sabe muitas coisas, passa seu tempo buscando informação, o que mais o preocupa é não ter bastante (…) e o que consegue é que nada lhe aconteça“.
Além disso, há algumas crônicas que ajudam a entender os sentimentos do repórter diante da experiencia que estava vivendo, fé, futebol, vida e morte. Sim, era um assunto que pairou durante todo o período do resgate – e houve uma perda, a do mergulhador Saman Kunan. Ele mostra como as pessoas do Oriente lidam com a morte de uma forma diferente do Ocidente. Gostei de saber as lendas relativas à caverna, a forma como lógica e misticismo caminharam lado a lado (como Rodrigo mesmo relata, para o choque dos jornalistas ocidentais).
Claro que, depois da convivência, ficam as lições e transformações proporcionadas por uma jornada dessas. Ele o tempo todo lembra a própria experiência pessoal e familiar e relaciona com o que encontrou na Tailândia. Além disso, ele narra um desdobramento encantador envolvendo uma Javalina. Mas não vou contar, isso vocês precisam ler.
É um livro curto, que podemos ler rapidamente pela forma como embarcamos na história – e na forma como Rodrigo Carvalho a conta. E aprender um pouco com o que ele viu, ouviu, viveu por lá.
“O que fez a diferença no resgate dos Javalis não foi a tecnologia, mas as pessoas – um grande trabalho coletivo pelo que parecia impossível. Nos meus últimos dias em Chang Rai, ouvi um ditado tailandês que ajuda a entender por que os meninos saíram lá de dentro.
Pegue o meu coração como se fosse o seu“.
Capa, ficha técnica, sinopse
Os meninos da caverna
Rodrigo Carvalho
Sinopse
Rodrigo Carvalho, autor e correspondente da TV Globo e GloboNews, conta a dramática história do resgate do time de futebol juvenil que ficou dezoito dias preso em uma caverna na Tailândia.
Os meninos da caverna vai muito além do resgate espetacular, mergulhando na origem dos Javalis Selvagens e visitando o contexto político, social e religioso do país. Traz, ainda, os cenários do Sudeste Asiático e destrincha por que o time se tornou um símbolo de solidariedade mundial, em uma história capaz de desviar as atenções de uma Copa do Mundo.
O autor nos mostra o quão poderoso e transformador é o exercício de se colocar no lugar do outro, não importa se ele está na nossa esquina ou em uma caverna tailandesa. Esta é, sobretudo, uma história de esperança.
Bacci!!!
Beta
Oi, Beta.
Me lembro desse caso e o fiquei curiosa em saber esse outro lado da história.
Deve ser interessante mesmo. Adorei a dica!
beijos
Camis