O Jornal Nacional é, sem sombra de dúvidas, o telejornal mais importante do Brasil. Tal observação não passa por amor à Rede Globo ou à Família Marinho; tampouco é um atestado de cumplicidade à sua linha editorial ou a conclusão de uma lista de elogios a um produto midiático. Acontece que desde o dia 1º de setembro de 1969, o JN invade as casas Brasil afora, chegando a esse 2019 como o mais longevo e bem-sucedido programa televisivo do gênero. De fato, é impossível pensar em algum grande acontecimento dos últimos 50 anos que não tenha sido noticiado por ele, e, por isso, saiu esse ano pela Editora Globo, o livro de memórias “JN: 50 anos de telejornalismo”, que visa contar um pouco dessa gloriosa trajetória através dos olhares de quem a tornou possível.
Gloriosa, sim; contada através de relatos emocionados, fotografias históricas e um revival que afirma e reafirma essa história que já nasceu grande. Afinal, o telejornal em questão não carrega o nome de sua emissora ou do horário em que passa. Jornal Nacional é, em síntese uma apropriação pretensiosa – no melhor sentido do termo – da atenção do expectador. Um jeito educado de dizer ao público: Não somos da Rede Globo, ou da noite, ou do dia; somos de todo mundo, em todos os horários! Por outro lado, se essa pretensão foi parte de um projeto audacioso para torna-lo grande, acredito que o leitor deva minimiza-la ao ter em mãos esse belíssimo e delicioso livro. Não se esqueça de que você está lendo um livro da Editora Globo, falando de um produto midiático da Rede Globo, e que nenhuma mãe, em sã consciência, faz um livro apontando as falhas de seu filho.
Então o livro é mentiroso? De forma alguma! O simples fato de se lançar um telejornal de alcance tão grande em pleno Governo Médici, equilibrando-se entre a verdade e a censura imposta pela Ditadura Militar é um feito que deve ser contado e reverenciado. E mesmo hoje, um tempo de tamanha polarização política, manter-se popular em meio ao fogo cruzado entre direita e esquerda é um feito para pouquíssimos veículos. Por essas e por outras, e por ter sido casa de alguns dos profissionais mais gabaritados da história do jornalismo no Brasil, o Jornal Nacional é, goste ou não, o maior telejornal desse país. Passear por sua história é também revisitar a história de nossas próprias vidas, em um passeio nostálgico de meio século de duração.
Em poucas palavras: leia, goste, aprecie e respeite, mas não se esqueça de que seu livro se trata de uma peça publicitária para vender um produto. Uma celebração? Uma festa? Um acontecimento? Sim, é tudo isso também. Vender um produto e celebrar um feito não são, de forma alguma, coisas excludentes!
Capa, ficha técnica, sinopse
JN 50 anos de telejornalismo
Memória Globo
ISBN: 9786580634057
Editora: Globo Livros
Número de páginas: 458
Encadernação: Brochura
Formato: 16 x 23 cm
Edição: 2019
Sinopse
Jornal Nacional: 50 anos de telejornalismoO mais antigo programa da TV Globo em exibição completa 50 anos. A história de meio século do JN registra os fatos mais relevantes da história mundial, bem como as evoluções tecnológicas e de tratamento de informação que vêm transformando as comunicações em todo o mundo. Atravessando as páginas deste livro, o leitor encontrará recordações dos mais variados profissionais, alguns deles responsáveis pela fundação da emissora, outros jovens que têm contribuído para manter o JN próximo de cada nova geração de telespectadores. Foram incluídos não apenas relatos de diretores e jornalistas conhecidos do público, como William Bonner, Patrícia Poeta, Cid Moreira e Fátima Bernardes, mas também de gente que, atrás das câmeras, de frente para os computadores, na operação e na produção, contribui para que o telespectador tenha o JN como sua principal fonte de informação.
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