Kurt Vonnegut – O café da manhã dos campeões @intrinseca #resenha


cafe da manha dos campeoes

Depois do best-seller Matadouro 5, que já deu as caras aqui pelo Livrólogos, Kurt Vonnegut voltou à cena, quatro anos depois, em 1973, com outra das maiores pérolas de sua galeria: Café da manhã dos Campeões. Com seus demônios de guerra devidamente exorcizados em um livro tenso, confuso, que mistura inconformidade e conformismo através de ficção científica e relatos autobiográficos, o autor ressurge mais leve, ácido e bem-humorado em um livro cheio de desenhos e palavras chulas que visam agredir sem fazer sangrar os padrões sociais vigentes. O próprio título, Café da manhã dos campeões, satiriza o cereal matinal Wheaties, muito famoso na época. Vale observar, aliás, que seis anos antes, do outro lado do Atlântico, Os Beatles usaram o jingle de outro cereal na abertura de uma canção do álbum St. Peppers Lonely Hearts Club Band; claramente, o produto era observado por artistas e escritores como um grande símbolo da sociedade ocidental, associado a conceitos como “vitalidade”, “vitória” e “perseverança”.

Focando na história de livro, Vonnegut imaginou uma sociedade completamente robotizada, em que homens são máquinas, cujas ideias nada mais são do que processos químicos. Pode-se dizer, em poucas palavras, que se trata de um mundo formado por verdadeiros tubos de ensaio. Os únicos personagens com autonomia na história – e não por acaso os dois protagonistas – são o escritor de ficção científica Kilgore Trout, principal narrador da história, e nem sempre reconhecido, e o bem-sucedido vendedor de automóveis Dwayne Hoover, que estava à beira da loucura.

Sim, a alegoria é uma afronta a nuances que Vonnegut já observava à sua volta, mas que englobava conceitos ainda mais visíveis a olho nu, como consumismo, sexo, racismo, e, claro, guerra. Narrado por Trout, como já dito, a história mostra a dicotomia entre os dois personagens, através das jornadas de vida de ambos, que, uma vez cruzadas, trouxeram consequências devastadoras a Dwayne, até então, o símbolo do capitalismo que deu certo. O toque de gênio, no entanto, é a inserção do próprio Vonnegut e do livro que você (é, você mesmo!) tem em mãos e na história que está sendo lida. De fato, um primor da metalinguagem.  

Menos tenso, mais fácil de assimilar e igualmente genial a seu antecessor, Café da Manhã dos Campeões é mais uma obra-prima saída da mente inquieta de Kurt Vonnegut.

Capa, ficha técnica, sinopse

Café da manhã dos campeões

Breakfast of champions

Kurt Vonnegut

ISBN: 9788551005811
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 400
Encadernação: Capa dura
Formato: 14 x 22cm
Edição: 2019
Tradução: Daniel Pellizzari

Sinopse

Neste livro — lançado originalmente em 1973, uma sátira sobre guerra, sexo, racismo, sucesso e política nos Estados Unidos — um dos personagens mais emblemáticos e alter ego de Vonnegut, o autor de livros de ficção científica Kilgore Trout, descobre que Dwayne Hoover, um vendedor de carros americano aparentemente normal, está levando a sua ficção ao pé da letra e perdendo o juízo. Com a ajuda de seus famosos desenhos, Vonnegut conduz o leitor por um texto bem-humorado e crítico da sociedade norte-americana neste clássico moderno que o consagrou como um dos autores mais instigantes do nosso tempo.

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