Confira a resenha do livro Prazer em queimar, do autor Ray Bradbury. Publicado pela editora Globo.
Gostaria de começar explicando que até poucas semanas eu possuía a falha moral de nunca ter lido Fahrenheit 451, até que fui presenteado com essa oportunidade de corrigi-la. E aqui vai o resultado.
Como preparação para a leitura de Prazer em queimar, com a intenção de não ficar perdido na história, fiz primeiramente a leitura de Fahrenheit 451. E, brevemente, posso dizer que se arrependimento deixasse marca, eu estaria com algumas. Eu simplesmente deveria ter lido esse livro bem antes na minha vida e foi uma das melhores leituras nessa quarentena.
Claro, ler essa história de Ray Bradbury em 2020 e perceber como estamos cada vez mais próximos de um cenário como o descrito ali é assustador. Para os que, como eu até pouco tempo, não tiveram a oportunidade ler F451, um breve resumo: a narrativa se passa em um futuro onde os bombeiros deixam de ser aqueles que salvam vidas e apagam incêndios, e passam a iniciá-los. Mais que isso, a entidade se torna um órgão de censura, pois cada incêndio tem sempre como alvo um local onde sabe-se conter livros, itens considerados desnecessários e de grande perigo para a felicidade humana. É com este pretexto que os bombeiros avalizam seu trabalho como necessário à manutenção da ordem social.
Já em Prazer em queimar, Bradbury reuniu diversos contos, alguns até mesmo que foram retirados ou alterados na edição definitiva de F451. No aspecto de entregar algo interessante para quem já leu o primeiro livro, a coletânea deixa a desejar em alguns momentos.
Enquanto boa parte dos contos recolhidos no livro apresentam uma forte ligação com a história principal e original, alguns parecem ser apenas um apanhado de referências a outros clássicos da literatura mundial. Quanto aos capítulos que representam alguma versão anterior que não foi publicada em F451, o material novo é realmente interessante e agrada facilmente quem já tenha sido conquistado pelo primeiro livro.
Assim como o livro original, este também possui uma leitura tranquila, com algumas surpresas pontuais mas nada tão profundo e revelador quanto as presentes em F451. Certamente é uma obra que vale ter na estante e poder ler e reler algumas vezes. Os pontos positivos, no cômputo geral, pesaram mais em minha avaliação e na experiência geral com as histórias.
Capa, ficha técnica e sinopse
Prazer em queimar : Histórias de Fahrenheit 452
Ray Bradbury
ISBN: 9786555670127
Editora: Biblioteca Azul
Número de páginas: 416
Encadernação: Brochura
Formato: 14 x 21 cm
Edição: 2020
Sinopse
Autor do clássico Fahrenheit 451, Ray Bradbury tinha quinze anos quando Hitler mandava queimar livros em praça pública, na Alemanha. Foi ali que ele percebeu que os livros que tanto amava estavam em perigo. Anos depois, este luto se transformou em uma ideia: escrever sobre uma sociedade em que os livros fossem proibidos, e os bombeiros, em vez de apagar o fogo, recebessem a missão de queimá-los.
Prazer em queimar: histórias de Fahrenheit 451 é leitura obrigatória para os fãs da clássica distopia. Neste livro estão reunidos dezesseis contos: treze que foram escritos antes de Fahrenheit 451 e mais três histórias escritas depois. Observador sagaz dos tempos obscuros que sucederam a Segunda Guerra Mundial, Bradbury canalizava sua criatividade escrevendo contos críticos a tudo que via e sentia. Há contos sobre queima de livros, morte, liberdade, arte, policiamento nas ruas etc.
O último desses contos chama-se “O bombeiro”. Publicado inicialmente em uma revista literária, este texto chamou a atenção de seu editor que, deslumbrado com a história, desafiou o jovem Bradbury a ampliá-lo, prometendo que aquele texto seria publicado como um romance se ele conseguisse dobrá-lo de tamanho. Bradbury trancou-se na biblioteca da universidade, alugou uma máquina de escrever e só saiu de lá quando conseguiu atender ao pedido de seu editor. Nascia, então, a ficção científica Fahrenheit 451.
Boa leitura
Thales
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