Douglas Stuart- A história de Shuggie Bain


Livro publicado pela Intrínseca no clube de assinatura Intrínsecos 37 – Outubro de 2021.

Toda regra tem exceções, não é mesmo? Algumas têm mais exceções que regras, certo? Ferreira Gullar, ícone da literatura brasileira, disse certa vez que não entendia autores que ficam anos e anos para escrever livros, já que, segundo as contas simples do poeta, ao final de um ano e escrevendo apenas uma página por dia, é possível ter-se um livro de digníssimas 365 páginas. Bem, longe de mim questionar os métodos de um poeta tão relevante, mas no ano passado, sua regra conheceu mais uma notória exceção, com o premiado romance de estreia de Douglas Stuart, A História de Shuggie Bain, trazido ao Brasil pela Intrínseca.

Pesado e entristecido, A História de Shuggie Bain – provavelmente muito inspirado na biografia de seu autor – levou anos para ser concluído e conta a história de um garoto que cresceu na Escócia dos anos oitenta sob os fardos do alcoolismo materno e da homofobia infanto-juvenil. Claro que não há adolescência fácil, mas não é preciso ser nenhum gênio pra entender o quão brutais essas questões podem ser para qualquer pessoa em qualquer idade.

A ideia que pode soar clichê – e talvez seja mesmo – ganha força diante de uma escrita poderosa, sincera e realmente doída, mostrada através de cada linha digitada por Stuart em seu teclado, seja extraída de seu álbum de fotografias ou de sua imaginação.

De mais a mais, um livro que deve ser lido – ainda mais em tempos atuais – com a certeza de uma grande leitura, mas também com o peso da narrativa que unificou o frio da vida de Shuggie Bain e da cidade de Glasgow. Sobre Ferreira Gullar? Ele não está errado, mas vale lembrar que alguns temas precisam ser muito bem digeridos pelos autores antes de serem postos no papel, o que talvez explique algumas obras excessivamente demoradas.

Sinopse

Glasgow, 1981. A cidade está morrendo. A pobreza, aumentando. A esperança, desaparecendo. Agnes Bain sempre esperou por mais. Ela sonhava com coisas grandiosas: uma casa com entrada particular, uma vida confortável. Quando seu segundo marido, um taxista mulherengo, sai de casa, ela e os três filhos se veem presos em uma cidade mineradora dizimada pela política da então primeira-ministra Margaret Thatcher. Enquanto Agnes se entrega cada vez mais ao álcool em busca de conforto, seus filhos tentam salvá-la. Porém, um a um, vão desistindo porque precisam salvar a si mesmos.

Mesmo com os próprios problemas, o único que não cede é Shuggie. Apesar de suas tentativas de ser um “menino normal”, todos acham que há “algo de errado” com ele. Agnes quer apoiar e proteger o filho, mas a força de seu vício é tamanha que eclipsa todos ao seu redor, inclusive seu amado Shuggie, que acaba sendo vítima de abuso sexual sem ter a menor ideia de que está sofrendo uma violência.

A crueldade da pobreza, os limites do amor, o vazio do orgulho, a violência dos vícios, a dor da perda e da autodescoberta. Tudo isso está em A história de Shuggie Bain, um livro de estreia comovente sobre o amor irrestrito e inexplicável que somente as crianças sentem por seus pais.

Livro publicado pela Intrínseca no clube de assinatura Intrínsecos 37 – outubro de 2021. Em dezembro nas livrarias.

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