Que a História não costuma ser generosa com as mulheres todos sabemos, e também é fato que em alguns segmentos o menosprezo a elas é ainda maior. O militarismo, obviamente, é um desses segmentos, o que explica a parcial ignorância em torno das Bruxas da Noite e sua fantástica história.
Poucos meses após Hitler iniciar sua ofensiva à União Soviética em junho de 1941, Joseph Stalin confiou a um regimento de aviação inteiramente feminino a intrépida tarefa de bombardear os exércitos nazistas durante a madrugada. Claro, uma pesquisa mais aprofundada não omitirá a existência dessas heroínas, mas esse acabou sendo um capítulo “esquecido” ao se contar a história da Segunda Guerra Mundial. Para nossa sorte, a escritora italiana Ritanna Armeni lançou em 2019 As Bruxas da Noite, contando tudo sobre elas, através das lembranças da última das bruxas viva: Irina Rakobolskaya.
Aos 96 anos, Irina recorda que era uma jovem prestes a se formar em física, planejando animadamente seu futuro acadêmico, quando ouviu as primeiras bombas nazistas. Sim, era o fim – ou pelo menos o adiamento – de vários de seus planos, mas em seu relato é perceptível que isso foi facilmente aceito perante a vontade de servir à pátria. O que verdadeiramente a irritava e ainda irrita é sentir-se diminuída por ser mulher.
No início dos anos quarenta era a quase certeza de que jamais seria convocada para o exército, mesmo sendo tão capacitada quanto qualquer homem. A convocação para o 588º regimento foi recebida como um misto de sonho realizado e desconfiança de que fosse uma brincadeira. “Ah, mas os tempos mudaram”, pode pensar o leitor. Em termos, pois mesmo hoje e depois de tão fascinantes histórias, Irina ainda tem que ouvir perguntas acerca da presença de homens no regimento.
Não, não havia homens. As Bruxas da Noite, idealizadas pela coronel Marina Raskova, foram mulheres, jovens e corajosas, que pilotando aviões minúsculos cortaram o breu das noites soviéticas e assombram as tropas de Hitler. A história pode não lhes dar a devida atenção – tanto quanto é merecida a qualquer pessoa que tenha ajudado na derrocada nazista – mas elas existiram e é graças às memórias de Irina, transformas em texto pela sensibilidade de Ritanna Armeni que agora sabemos um pouco mais sobre elas.
As Bruxas da Noite, mais do que um livro de História, é um livro de justiça histórica. Uma parte que o próprio Stalin tratou com desdém, mas que agora podemos saborear sem parcimônia, lembrando que bruxas existem, sim, e que invadiram os sonhos dos nazistas durante a Segunda Guerra.
Capa, ficha técnica, sinopse
As Bruxas da Noite
Ritanna Armeni
ISBN: 9788555031076
Editora: Seoman
Número de Páginas: 248
Encadernação: Brochura
Formato: 14 x 21 cm
Edição: 2019
Sinopse
Neste livro, a jornalista italiana e escritora premiada, Ritanna Armeni, reconstrói a história de um grupo de mulheres soviéticas fiéis à sua pátria: as aviadoras do 588º Regimento de Bombardeio Aéreo Noturno Soviético. Com um importante papel de liderança durante as batalhas contra o Terceiro Reich, elas prejudicavam e muito a vida dos alemães durante a Segunda Guerra Mundial, aparecendo nos céus carregadas de bombas. Os nazistas as chamavam de “bruxas da noite”. A autora revela informações sobre a criação, a luta e as vitórias dessas mulheres que foram apagadas da história após o declínio de suas carreiras como aviadoras devido ao conservadorismo e preconceito do Estado Soviético.
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