(In) quebrável?
Trilogia iniciada há 19 anos está finalmente terminada com filme que pende entre o suspense e o mundo das HQ’s.
Talvez você esteja pensando “eu não vi os outros dois, não vou nem perder meu tempo”. Relaxa, pois o jornalista/blogueiro que aqui escreve viu o primeiro filme há 19 anos (como já dito) e sequer assistiu ao segundo. Mesmo assim, não tive nenhuma dificuldade de entender a narrativa, bastante linear, e de fácil entendimento. Em Vidro, o personagem-título, interpretado por Samuel L. Jackson, retoma seu papel de O Corpo Fechado, para um reencontro definitivo com os outros dois protagonistas da trilogia: David Dunn, interpretado por Bruce Willis, e Kevin Wendell Crumb, feito por James McAvoy. Com as vidas entrelaçadas e detentores de capacidades sobre-humanas, os três se reencontram em um manicômio, onde mais do que a cura, os responsáveis se preocupam em convencê-los de que tais capacidades não existem, sendo apenas frutos de uma forte identificação com as histórias em quadrinhos.
Se por um lado, o roteiro não inventa muito – excetuando as habituais reviravoltas de filmes de super-heróis – e fecha de forma bem aparada a trilogia, por outro, senti falta de uma maior unidade de ideias na narrativa. A paquera entre o suspense e os já batidos filmes de heróis (que eu adoro, mas já é uma formula saturada) acaba por criar uma história inconstante e carente de equilíbrio; isso sem falar no clímax que promete muito e entrega pouco. Porém, há de se destacar os acertos do longa também: o diretor M. Night Shyamalan, que surpreendeu o mundo há 20 com O Sexto Sentido, mostrou que continua com gosto estético afiado. O uso de sombras e posicionamento das câmeras serviram para alimentar o clima de suspense, bem como a atuação de Samuel L. Jackson, que mesmo mudo e imóvel durante dois terços do filme, consegue ser o personagem mais cativante e expressivo ali apresentado; totalmente inverso a Bruce Willis, insuficiente em suas cenas de ação e praticamente esquecido pelo roteiro durante o segundo ato.
Por fim, um filme com qualidades, mensagem interessante, mas que não chega nem perto dos primeiros e brilhantes trabalhos de seu diretor, que incluem o primeiro da trilogia. Acredito que os fãs de Corpo Fechado e Fragmentado devem ir ver, até para saber como se encerra a história, mas cientes de que não se trata de um filme de super-heróis nos moldes do que se anda produzindo!
Ficha técnica
Vidro
Título original: Glass
Direção: M. Night Shyamalan
Elenco: James McAvoy, Bruce Willis, Anya Taylor-Joy e outros
Gêneros Suspense, Fantasia
Nacionalidade Eua
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