Relendo algumas resenhas passadas, notei alguns termos que uso com frequência, e, dentre esses, houve uma incidência grande de “leve” e “despretensioso”. Pois O Culpado, que achei esses dias na Netflix é despretensioso, mas leve? Jamais! Despretensioso porque está lá, escondido no catálogo vermelhinho, estrelado pelo rodado Jake Gyllenhaal, de curta duração, mas a porrada, meus amigos, é de cair o c… da bunda!
Gyllenhaal (também produtor) interpreta o policial Joe Baylor, que vive um dia infernal no Call Center da polícia de Los Angeles entre problemas pessoais e uma cidade literalmente em chamas. Tentando manter o mínimo de sanidade, ele vai cumprindo seus deveres correta, mas burocraticamente, até que uma chamada lhe desperta a atenção: uma mulher aos prantos dizendo que havia sido sequestrada, e que sua filha pequena estava em casa sozinha. A óbvia empatia de quem passava o dia olhando a foto da prole no celular faz com que Joe tome o caso para si e se envolva em uma sequência de ligações desesperadas que põe à prova não apenas sua competência, mas também sua ética profissional, além de fazê-lo reavaliar seus problemas.
Refilmagem de uma produção dinamarquesa de mesmo nome (não vou fingir que sou mais culto do que a verdade; só soube disso agora há pouco), O Culpado me chamou a atenção pela simplicidade: apenas três atores em cena, quase todas as ações com a câmera no rosto do protagonista – o que engrandece e muito sua atuação – e apenas um ambiente.
Com tão pouco, além das vozes de outros personagens ao telefone, o filme foi capaz de me prender durante cerca de 1 hora e 15 minutos, antes de me derrubar com uma virada inesperada, para então me ver retomando o fôlego durante os créditos finais.
Entendam: não é a mais genial das produções e com certeza nem dos roteiros (que sequer é original), mas não deixa de ser impressionante que na Era dos Super-heróis, com seus orçamentos e bilheterias estratosféricas, explosões, naves espaciais, multiversos, efeitos especiais, etc; O Culpado tenha precisado de tão pouco material para surpreender, e talvez tenha sido esse o seu segredo: um filme humano, com personagens falhos, com muita vontade de acertar e medo de errar, medo que esses erros cobrem um preço, resignação…
Por mais que condenemos algumas atitudes do protagonista, que são, de fato, condenáveis, é difícil não se identificar com alguns de seus sentimentos e até determinadas ações (desastrosas, mas bem-intencionadas).
O Culpado foi, por fim, uma das mais gratas surpresas que encontrei no catálogo da Netflix em muito tempo. Agora, quero procurar a versão dinamarquesa e conferir se o trabalho de Gyllenhaal e do diretor Antoine Fuqua fez jus à obra original.
O Culpado
Direção: Antoine Fuqua
Roteiro original: Gustav Möller, Emil Nygaard, Albertsen
Elenco: Jake Gyllenhaal, Ethan Hawke, Riley Keough, Christina Vidal Mitchell, Eli Goree, Da’Vine Joy Randolph, Paul Dano, Peter Sarsgaard.
1 de outubro de 2021 na Netflix
1h 30min
Suspense, Drama
Sinopse
Não recomendado para menores de 16 anos
The Guilty acompanha o policial Joe Bayler (Jake Gyllenhaal) em um dia tedioso na central de chamadas de emergência 911. Bayler foi punido e rebaixado, por isso vive sempre rabugento. Um dia emquestão, após ficar atendendo chamadas de emergência enquanto acontece um incêndio florestal que vai se aproximando da cidade de Los Angeles, Califórnia, EUA, ele recebe uma chamada inusitada.
A princípio uma mulher (Riley Keough) parece estar chamando seu filho, mas na verdade está discretamente reportando seu próprio sequestro. Tentando encaixar cada detalhe vago que ela dá, Bayley precisa colocar a cabeça para funcionar para garantir sua segurança, jogando todas as suas habilidades e intuição, mas a partir que o crime começa a se revelar, mostrando sua verdadeira natureza, o psicológico do policial começa a se enfraquecer, mas precisa se forçar para se reconciliar com demônios do passado.
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