Your Film!
No ano passado, o diretor Dexter Fletcher co-dirigiu a cinebiografia da banda Queen, num filme tão popular quanto criticado. Dentre os vários defeitos citados, destacam-se a bagunça cronológica, a rapidez e até facilidade com que o grupo chegou ao estrelato, e a artificialidade de Rami Malek como Freddie Mercury – embora valha ressaltar que o ator ganhou o Oscar por sua atuação. Pois menos de um ano depois, o diretor traz a público Rocketman, sobre a vida do cantor, compositor e pianista Elton John, num filme que, de cara, parece-me mais honesto que Bohemian Rapshody.
Não que eu conheça a intimidade dos dois artistas – aliás, li muito mais sobre o Queen ao longo da vida, e talvez a tal “bagunça” também esteja presente em Rocketman para adaptar a história – entretanto, o Elton John apresentado me parece um ser-humano de verdade; detentor de extraordinário talento, sim, mas cheio de inseguranças, falhas, medos e que percorre um caminho realista até se tornar um astro. Não há fada madrinha, nem varinha de condão, e a história possui um ritmo que nos permite ver o desenvolvimento de Elton como músico, ao mesmo tempo em que cria a ansiedade necessária para vê-lo no auge de sua carreira e loucuras.
Sim, as loucuras. Em entrevista recente, o cantor disse que drogas e sexo eram parte de sua biografia e que, portanto deveriam constar na obra. Assim, não há meias palavras, olhares ou coisas subentendidas. É tudo bastante claro, e não há mocinhos ou vilões. OK, algumas pessoas sempre serão melhores que outras, porém, aqui elas são apresentadas sem a carga exagerada de maniqueísmo tão criticada no filme sobre o Queen.
Falando em personagens, e as atuações? Taron Egerton saiu-se bem como o protagonista, inclusive cantando, e, claro, a habitual extravagância do cantor foi fundamental na caracterização. Principal coadjuvante na trama, Jamie Bell também se mostrou eficiente como o parceiro (de composições) de Elton, Bernie Taupin. A química entre os dois atores foi fundamental na construção ficcional de uma amizade real de mais de 50 anos!
A escolha de músicas, e os momentos em que foram apresentadas também foram impecáveis, e sobrou espaço até para Pimball Wizard, clássico do The Who, interpretado por Elton na Ópera-rock Tommy. Por fim, uma produção a altura do que Elton John representa. Diverte, emociona, informa e convence; argumentos como “tem muita música”, “tem homem se pegando” ou “é muito drama” são absolutamente irrelevantes. Se você gosta de música, de rock e principalmente de Elton John, não pode perder; afinal, o homem que já foi responsável por 5% das vendas de discos do planeta e teve o maior enfeite de cabeça do mundo merece a sua audiência!
Elenco
Taron Egerton, Jamie Bell, Richard Madden,Bryce Dallas Howard e outros.
Direção
Dexter Fletcher
Sinopse
Não recomendado para menores de 16 anos
A trajetória de como o tímido Reginald Dwight (Taron Egerton) se transformou em Elton John, ícone da música pop. Desde a infância complicada, fruto do descaso do pai pela família, sua história de vida é contada através da releitura das músicas do superstar, incluindo a relação do cantor com o compositor e parceiro profissional Bernie Taupin (Jamie Bell) e o empresário e o ex-amante John Reid (Richard Madden).
No Comment