O Carteiro e o poeta (dos brinquedos!)
A temporada de filmes de Natal está oficialmente aberta eaqui começaremos falando sobre o primeiro longa de animação produzido inteiramente pela Netflix, Klaus. Eu sei, eu sei. Ninguém aguenta mais o gênero natalino, e a qualidade das animações também não surpreende mais desde a revolução promovida pela Pixar. Mesmo assim, uau! Com traços muito mais cartunescos do que o realismo buscado pelas animações tradicionais, Klaus recria a história das tradições natalinas modernas, sem, no entanto, apelar para o sentimentalismo barato ou para as questões religiosas sempre polêmicas quando recontadas. Note: o filme não fala sobre a origem do Natal, mas sobre a maneira como ele é comemorado atualmente. E com que delicadeza!
Jesper é o preguiçoso herdeiro de um império dos correios, que tinha uma vida de sonhos, até que seu pai toma a difícil decisão de torna-lo merecedor de todas as mordomias das quais ele já vinha desfrutando, enviando-o para trabalhar durante aproximadamente um ano na ilha de Smeerensburg, perto do Círculo Ártico. Frio? Trabalho duro? Distância dos luxos? Nada disso era problema se comparado ao fato de que a população da cidade vivia em uma prática e patética guerra civil. O ódio exalado pelos moradores de um lado a outro pintava os muros da cidade e vinha já nas mamadeiras das crianças, perpetuando-se por anos a fio, isolando famílias em seus pequenos ciclos – invalidando, assim, a comunicação – e criando bolhas de certezas e preconceitos que acabavam por criar gerações de completos ignorantes.
Num ato de desespero, Jesper acaba por descobrir a cabana, ainda mais isolada, de um velho e misterioso fabricante de brinquedos; e eis que quando um desses brinquedos chega às mãos de uma das crianças, que, pela primeira vez, sente a alegria de um afago genuíno, coisas muito estranhas passam a acontecer em meio àquela sisuda população: crianças de lados inimigos se juntam para brincar. Quem não sabe escrever, busca o conhecimento para poder pedir seu presente àquele homem desconhecido. A professora local, outrora ansiosa para deixar a cidade – e com razão – retoma o gosto por sua profissão. A felicidade começa a se espalhar por aquele lugar horrível, tornando-o, de fato, mais bonito. Muita gente começa até a se esquecer ou questionar o porquê da histórica briga. A partir daí é desnecessário dizer que a carroça do velho é substituída por um trenó, que seu cavalo dá lugar a um grupo de renas, e, bem, vocês já entenderam, né?
O fato é que em meio ao vários clichês dos filmes de Natal, a Netflix conseguiu produzir uma animação verdadeiramente original, tocante e que aborda aspectos muito mais densos do que os costumeiros: o valor da educação, a importância de se comunicar, os perigos de se transmitir velhas feridas às crianças; valores que independem de datas comemorativas ou de religiões. Resumindo, um filmaço; obra do diretor Sergio Pablos, que ganhou fama na última década pela criação da franquia Meu Malvado Favorito.
Ah, sim! E o que aconteceu com Jesper? Jesper, meus amigos, deu vida a uma cidade morta, e essa passou a ser a maior fortuna de sua vida.
Você pode conferir Klauss na Netflix.
Como assim ninguém aguenta mais as produções natalinas?! Fale por você, Sr. Diego!! kkkkkk
Eu sou uma alucinada por filmes de Natal!!!! A louca aqui passou dias vendo filmes natalinos no canal Studio e agora, depois dessa dica, vou voltar para o sofã para ver essa animação!
Beijos
Camis