Raízes do mal
Estamos aguardando a 4ª temporada de Stranger Things e, enquanto isso não rola, aproveitei para ler dois de seus livros derivados – ou spin-offs, pra ficarmos na moda. Depois de começar por Cidade nas Trevas, que conta o passado do detetive Jim Hopper quando era policial em Nova Iorque nos anos setenta, voltei um pouco mais no tempo. Em Raízes do mal, Gwenda Bond nos leva para a Hawkins de 1969, onde um grupo de intrépidos jovens, vítimas de experiências desumanas, decide enfrentar um ainda não tão velho, mas já odioso Dr. Martin Brenner.
Não querendo dar spoilers, mas me parece óbvio que uma história pregressa de uma série que envolve monstros e crueldades científicas não tinha como ser algo alegre, e, de fato, não é. Diferente das ações heroicas de Hopper em Cidade nas Trevas, aqui nossos protagonistas parecem enfrentar algo muito além de suas capacidades e muito maior do que sua própria compreensão social, proporcionada pela vida pacata no Estado da Indiana que tentava acompanhar o turbilhão de informações de um mundo que teimava em mudar mais rápido do que se esperava: Guerra do Vietnã, novas drogas, chegada do homem à Lua, festival de Woodstock…
De fato, era muita coisa acontecendo, o que nos remete, aliás, à característica mais marcante da série e que consegue se manter viva nos relatos escritos: o resgate, a ode e o quase transporte para a época retratada é, como sempre, irretocável e delicioso de se acompanhar, fosse você nascido ou não. Entretanto, se o padrão Stranger Things consegue se manter nos dois livros que li, vale observar que achei a narrativa de Raízes do Mal bem menos fluída que a de Cidade nas Trevas. Questão de estilo de cada autor, óbvio, e eu confesso não conhecer outras obras de Gwenda Bond para avaliar; entretanto, a arquitetura de sua história, o link com os acontecimentos da série e a interação e descrições da turma formada por Terry, Andrew, Alice, Gloria e Ken merecem todos os elogios possíveis.
Por fim, recomendo, sim, o livro, mas com uma ressalva: julgo, nesse caso, ser necessário assistir à série antes, não pela cronologia, já que, como dito, trata-se de uma história pregressa; porém, penso que todo o peso emocional de saber no que iam desaguar todos os acontecimentos, página por página, seja um ingrediente fundamental para tornar a leitura ainda mais instigante.
Capa, ficha técnica, sinopse
Stranger Things: Raízes do mal
Vol1
Gwenda Bond
ISBN: 9788551004364
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 304
Encadernação: Brochura
Formato: 23 x 16 cm
Edição: 2019
Sinopse
Primeiro livro oficial da série, que explora o passado de dois dos personagens mais enigmáticos da produção: Terry Ives, a mãe de Eleven, e o dr. Martin Brenner, o homem que separou as duas.
Em plena década de 1960, os Estados Unidos estão passando por profundas mudanças políticas e sociais, e Terry Ives, estudante de uma cidadezinha em Indiana, se vê à parte dos acontecimentos. Cansada de ser uma mera espectadora das mudanças à sua volta, ela enxerga sua grande chance de entrar para a história ao se voluntariar para participar de um projeto ultrassecreto do governo chamado MKULTRA, realizado no laboratório de Hawkins.
Obra oficial de Stranger Things, Raízes do mal expande o universo da série, aprofundando a trama, e volta no tempo para explicar como os destinos de Terry, Brenner, Eleven e Eight se cruzaram pela primeira vez.
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