Sorria – apesar de tudo!
Para os mais jovens, Robert Downey Jr. é apenas o Homem-de-Ferro nos filmes da Marvel. Não que isso seja pouca coisa. O gênero de super-heróis, atual queridinho de Hollywood, só é o que é graças ao Universo Marvel, iniciado por Downey no papel do bilionário Toni Stark e seu alter ego, Homem-de-Ferro. Contudo, antes das armaduras e batalhas, Downey foi considerado um dos mais promissores e problemáticos atores do mundo e foi justamente no auge de suas loucuras, em 1992, que ele foi chamado para viver ninguém menos do que Charles Chaplin na cinebiografia da provável maior lenda do cinema.
A obra de Chaplin é amplamente conhecida; assim, não seria válido – e nem possível – lista-la aqui e muito menos em um filme de duas horas. Porém, a conturbada vida do ator e diretor, seus traumas de infância, suas batalhas pessoais e profissionais, seu soberbo talento e tudo mais o que poderia ter moldado sua rica personalidade são, sim, algo a ser visto e apreciado pelo público. Como, afinal de contas, aquele garoto inglês, tirado dos braços de uma mãe com sérios problemas mentais – vivida brilhantemente pela filha de Charles, Geraldine Chaplin – se tornou o maior cineasta do mundo? De onde veio a inspiração para criar o icônico vagabundo? Por que Chaplin desprezava o cinema falado? Por que sua relação com as mulheres era tão doentia? – e nem vamos falar da quantidade por se tratar de algo óbvio para uma estrela do cinema em qualquer época. Através da conversa com o biografo vivido por Anthony Hopkins, o Chaplin de Downey dá um mergulho em seu passado para responder a essas e todas as outras perguntas que seus fãs poderiam fazer.
Trata-se de um filme perfeito? Não, e obviamente nenhuma cinebiografia é perfeita pelo simples fato de que se uma vida é tão interessante a ponto de render um filme, ela certamente não cabe em duas horas de relato; mas dentro das óbvias limitações temporais, penso que Chaplin faz, sim, justiça a seu protagonista, embora valha ressaltar que como se trata de uma homenagem, jamais veríamos grandes críticas ao mesmo.
Falando em justiça, aliás, é importante lembrar que 20 anos após a imbecil perseguição sofrida por Chaplin pelo Macartismo e pelo desprezível. J. Edgard Hoover, diretor do FBI, que o expulsou dos EUA sob a ridícula alcunha de comunista – teria sido bem mais fácil vasculhar sua vida sexual – Charles Chaplin retornou ao país para um receber um Oscar pelo conjunto de sua obra. Pois é, o Chaplin de verdade nunca ganhou uma estatueta, e o fictício também não, perdendo o prêmio para o genial Al Pacino em Perfume de Mulher.
Chaplin
1992
Direção: Richard Attenborough
Elenco: Robert Downey Jr., Geraldine Chaplin, Dan Aykroyd
Sinopse:
Filme baseado na autobiografia de Charles Chaplin e no livro Chaplin: His Life and Art, de David Robinson.
O filme relata a vida de Charles Chaplin, um dos maiores gênios do cinema, desde a infância até o recebimento de um Óscar, e das inúmeras ligações amorosas aos problemas de ordem política, que o levaram a ser expulso dos Estados Unidos.
Há referências a alguns de seus muitos episódios românticos (incluindo Hetty Kelly, Mildred Harris, Georgia Hale, Marion Davies, Edna Purviance, Lita Grey, Paulette Goddard, Joan Barry e Oona O’Neill), sua colaboração profissional com Mack Sennett e amizade com Douglas Fairbanks.
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