007: No time to dia (tem spoiler)


007: No time to die era, pelo menos pra mim um filme que já nasceu odiado. Primeiro por ser o fim da linha para Daniel Craig, a quem considero o melhor interprete entre todos os que vestiram o smoking de James Bond. Segundo porque o atraso no lançamento alimentou as expectativas em torno da produção e o discurso enraivecido dos fãs acerca de quem seria o substituto. Henry Cavill? Tom Hidleston? “Só falta botarem uma mulher”, repetiam os mais raivosos e saudosistas. A polêmica era tanta que minha torcida passou a ser que para que botassem o ET do Spielberg como novo agente.

Brincadeiras à parte, a verdade é que, embora seja um grande incentivador da política de inclusão das minorias, acho a questão complicada quando se fala desse personagem, já que 007 é uma designação profissional. Se ele morre ou se aposenta, o agente substituto (homem ou mulher) ganha outro número, mas isso implicaria numa mudança drástica no nome da franquia. Assim, já que se trata de uma equação sem solução – muito diferente das ridículas polêmicas com Superman gay ou Homem-Aranha negro – vamos ignorar o assunto e ver a despedida do meu Bond favorito. Que Horror!

A história até tem bons momentos de ação, e aquelas cenas que nos fizeram amar o personagem, tanto na pancadaria quanto no charme sarcástico do agente, mas é muita coisa absurda junta, muita ponta solta, muita motivação frouxa, muita revelação de conveniência, e um plano maligno completamente descabido que só poderia ter saído da cabeça do vilão mais risível, apático e sem carisma da história da franquia, interpretado por um patético Rami Malek. OK, o roteiro não o ajudou em nada, mas o ator ainda parece estar colhendo os injustos louros alcançados pelo papel de Freddie Mercury.

 Aliás, vamos soltar os spoilers: sim, mataram o James Bond. Nada que surpreenda, não é mesmo? Além da saída do ator, os rumores sobre uma mulher como novo 007 já meio que nos preparam para o fim de uma era, o que pode ser bom para alguns e ruim para outros; mas o que me deixou enfurecido mesmo foi a maneira como fizeram. Quer dizer que o homem que sobreviveu a tudo que assistimos desde 1962 foi derrotado por ESSE vilão? E DESSE jeito?

Desculpe, eu até debato a substituição de James Bond mantendo seu número de agente, mas a mim parece óbvio que ele merecia um final melhor. Assim, 007: No time to die marcou um recomeço indigno de uma das maiores franquias da história do cinema.

007 – Sem tempo para morrer

007: No time to die

Direção: Cary Joji Fukunaga

Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade, Cary Joji Fukunaga e Phoebe Waller-Bridge

Elenco: Daniel Craig, Rami Malek, Léa Seydoux, Lashana Lynch, Ana de Armas, Naomie Harris

30 de setembro de 2021 no cinema

2h 43minAção

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