Geeks cinéfilos, chegou a hora! Após muita especulação, espera e uma expectativa incomum para um filme de personagem já tão explorado, entrou em cartaz Spiderman: no way home; o terceiro capítulo-solo do aracnídeo desde a sua volta para o time da Marvel. “Mas espera aí, ele não é da Marvel?”. É, mas por questões financeiras, a produtora vendeu os direitos do personagem para a Sony no início dos anos 2000, o que gerou cinco filmes de sucesso, que agora entram para a teia do integrante júnior dos Vingadores numa aventura que promete ser tão épica quanto as maiores batalhas da equipe que salvou o universo. Não entendeu nada? Relaxa, e, aproveitando que ainda não vi o novo filme, vem comigo nessa retrospectiva pelas aventuras do Aranha nas telonas.
Homem-Aranha (2002)
Quem tem a minha idade ou mais, deve se lembrar que no início do século era tudo mato nos filmes de super-heróis. Nada de Vingadores, com suas bilheterias estratosféricas e universos compartilhados. Tinham os filmes clássicos do Superman, interpretado por Christopher Reeve; o Batman de Tim Burton e depois estragado por Joel Schumacher, além do recente X-men. Assim, quando o Aranha de Tobey Maguire chegou aos cinemas, tornou-se um clássico instantâneo. Sim, já existia um filme dos anos 70, além de uma série japonesa, mas uma megaprodução hollywoodiana, com um diretor consagrado como Sam Raimi e um vilão interpretado por Williem Dafoe? Era um sonho par qualquer leitor de HQ’s. Não por acaso, o filme foi a maior bilheteria do ano e até hoje considerado um marco do gênero. O problema, no entanto, é que o tempo passa. Os anos, a evolução do estilo e a consequente comparação com outros filmes do próprio herói evidenciaram o roteiro fraco, as falhas de continuidade e, principalmente, as deficiências da atuação do protagonista. Típico caso da produção que não envelheceu bem, apesar de seu inquestionável valor e de cenas icônicas como o famoso beijo na chuva.
Homem-Aranha 2 (2004)
A despeito de todas as críticas, a verdade é que Homem-Aranha abriu muitas portas para os filmes de super-heróis; inclusive para a sua sequência que estreou dois anos depois, num contexto infinitamente menos hostil para os justiceiros mascarados no cinema. Além do quê, sem a necessidade de apresentar o personagem e construir sua história, o roteiro se viu mais livre para desenvolver uma trama envolvente que mergulhou fundo nos problemas pessoais de um jovem que mal conseguia ter uma vida pessoal e de repente se viu com a responsabilidade de proteger Nova Iorque. Se não bateu a ótima bilheteria de seu antecessor, acabou por ser lembrado por muitos fãs e críticos com mais carinho.
Homem-Aranha 3 (2007)
Último da trilogia de Sam Raimi, o longa chegou aos cinemas coberto de expectativas devido ao ótimo desempenho de seus antecessores, e apesar da excelente bilheteria (a maior dos três) não foi tão bem recebido à época de seu lançamento. Para muita gente, o excessivo número de vilões acabou por gerar uma história que não engrenou, sendo incapaz, assim, de conquistar completamente o público. Pessoalmente, no entanto, gosto de alguns aspectos do filme; dentre eles, a versão ali mostrada do parasita Venom e seu hospedeiro, Eddie Brock, embora a introdução do personagem tenha sido esquisita, bem como todo o desenrolar da história.
O Espetacular Homem-Aranha (2012)
Cinco anos se passaram. Os filmes de super-heróis agora eram os queridinhos de Hollywood, com o megassucesso dos Vingadores e a antológica trilogia Cavaleiro das Trevas, que ressuscitou o Batman para o cinema. Mesmo assim, Sam Raimi e a Sony não conseguiram chegar a um acordo sobre um quarto filme para a saga do aracnídeo, o que fez o estúdio reiniciar a franquia. O diretor escolhido foi Marc Webb, até então muito mais conhecido por dirigir videoclipes do que filmes; e o papel principal ficou para Andrew Garfield, que vinha de ótima atuação como Eduardo Saverim em Rede Social. Além dele, o elenco estelar contava com Martin Sheen, Sally Field e a jovem e talentosíssima Emma Stone no papel de Gwen Stacy, namorada do herói. Mudança drástica, tendo em vista que na trilogia original, o grande amor de Peter Parker era Mary Jane Watson. Além dessa mudança, a franquia que agora se iniciava focou menos no clichê do bobão promovido a super-herói e foi mais fundo no lado científico da questão, o que também foi positivo na abertura de espaço para que o QI de gênio de Parker aparecesse com mais destaque na trama, algo que foi praticamente ignorado nos filmes de Sam Raimi.
O Espetacular Homem-Aranha 2: A Ameaça de Electro (2014)
Se o reinicio da franquia do nosso herói de oito patas agradou o público, o mesmo não se pode dizer de sua sequência (apesar de sua bilheteria satisfatória). Não que o filme seja um desastre completo, mas o excesso de efeitos especiais cometido no anseio de se fazer algo muito moderno, acabou por gerar um aspecto demasiadamente artificial ao longa, o que desagradou a alguns fãs. Além do que, a nova versão do Duende Verde/Harry Osborne sofreu com as comparações com a anterior e vilão do título também não convenceu. Pessoalmente, no entanto, gostei do filme como um todo; aliás, gosto do bom-humor do Peter Parker de Andrew Garfield, contrapondo-se à eterna sofrência e cara de choro de Tobey Maguire. Outro ponto de acerto da trama (pra mim, claro) foi a aposta na química perfeita do casal de protagonistas, que inclusive namoravam na vida real à época. OK, eu sei que é filme de heróis e não de romance, mas a verdade é que Garfield e Emma Stone trouxeram para a tela algumas das cenas mais comoventes da saga do Aranha no cinema; coisa que toda a narrativa em off sobre Mary Jane na franquia anterior tentou e não conseguiu fazer.
Homem-Aranha: de volta ao lar (2017)
Ano a ano, a Marvel e seus Vingadores se consolidavam como a maior franquia da história do cinema. Homem-de-Ferro, Capitão América e Viúva Negra viraram personagens da cultura pop tão famosos que até quem nunca se interessou pelo gênero sabia do que aquilo se tratava. O dinheiro entrava aos montes, mas ainda faltava algo. Como assim, o império da Marvel era reerguido com o maior nome da editora de fora? Claro que não. Assim, Marvel e Sony renegociaram seu acordo e o aracnídeo literalmente voltou pra casa. Primeiro, numa participação de luxo em Capitão América: Guerra Civil, para depois brilhar num filme só seu, que rapidamente passou a ser considerado por muitos sua melhor adaptação para o cinema. O primeiro acerto da Marvel Studios foi parar de colocar adultos para viver um adolescente. Assim, o papel principal ficou para o jovem e talentoso Tom Holland, o que conferiu mais veracidade à história. Junto com o herói, quem também rejuvenesceu foi a Tia May; outrora interpretada por Rosemary Harris e Sally Field, a personagem agora ficou a cargo de Marisa Tomei, muito mais jovem que suas antecessoras. Falando em Tia May, aliás, se as outras versões focaram em picada da aranha, morte do Tio Ben e toda a história que já vimos infinitas vezes, nessa o roteiro sabiamente resolveu abreviar e pular direto para um Peter Parker em ação e louco para mostrar aos Vingadores que poderia fazer parte da equipe. Adaptação diferente, criativa e absolutamente certeira.
Homem-Aranha: Longe de Casa (2019)
Thanos derrotou os Vingadores, varreu metade da vida no Universo e cinco anos depois, a turma de heróis que mudou o patamar do gênero no cinema se uniu para vencer a batalha definitiva do bem contra o mal. Sim, o Peter Parker de Tom Holland estava lá. Morreu, voltou e ajudou a vencer a guerra. Perdeu seu padrinho, o Homem-de-Ferro, e ressurgiu numa aventura-solo para tentar curtir suas férias. Sim, eu acho o garoto extremamente talentoso e gosto de como sua versão do Aranha foi inserida no mundo dos Vingadores, mas sinceramente ainda não sei o que pensar desse filme – mesmo tendo-o visto mais de uma vez – A verdade é que a história ainda me parece absurda demais, e não um absurdo dentro dos limites permitidos a um gênero absurdo por definição. Parece-me que não é viável a ameaça que ele enfrenta sozinho, proporcionada por um mísero vilão. É possível, claro, que eu ou a Marvel ainda estivéssemos tentando nos habituar a algo mais “normal” após a batalha de Vingadores: Ultimato, mas realmente essa volta à normalidade do nosso herói-adolescente favorito não funcionou pra mim.
E assim, chegamos à Spiderman: no Way Home! O que acontece com Peter Parker? Como será seu encontro com suas versões anteriores? E com os vilões? Conseguirá o Dr. Estranho suprir a ausência de Toni Stark? Vai aparecer o Demolidor? E Batman? E Capitão Kirk? E Harry Potter? Comentamos em Breve!
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