“Fan Service” é o termo da moda no cinema; em especial para filmes do universo Geek. Para quem não conhece a expressão, ela pode ser traduzida literalmente como “serviço para os fãs”, o que eu não acho errado, tendo em vista que são eles que os estúdios verdadeiramente querem atingir. Esses tais “serviços” consistem basicamente em pegar todas as referências de obras passadas e apelar descaradamente para a memória afetiva do espectador. Às vezes dá certo, às vezes não; e em Caça-Fantasmas: mais além deu muito certo!
Depois de uma versão muito controversa com uma equipe feminina substituindo a original, feita há alguns anos, o novo filme da franquia fez o simples e aproveitando-se da morte do ator Harold Ramis, conseguiu uma obra que presenteia, diverte e até emociona – com todos os clichês do mundo, mas emociona.
A história: Egon Spengler, personagem de Ramis, morreu, deixando apenas uma casa velha numa cidade no meio do nada para sua filha e netos. O problema é que a obsessão do genial cientista com os fantasmas acabou afastando-o da família e até dos amigos. Felizmente, no entanto, as pistas deixadas por ele incentivaram sua neta e herdeira direta de seu intelecto a concluir seu trabalho como caçador de fantasmas.
Alguns podem argumentar – e não estão errados – que lucrar em cima da morte de alguém é algo podre. De fato; por isso, o roteiro de Jason Reitman e Gil Kenan teve que ser muito cuidadoso e, pelo menos, a meu ver, conseguiu se sair com elegância na tarefa. O filme diverte os fãs mais saudosistas e trabalha com muita sensibilidade a ausência de um dos protagonistas originais, incorporando-a à história.
A história, aliás, como um todo me satisfez, mas houve pequenos pontos de desagrado: quem se lembra do primeiro filme, certamente vai se lembrar que três cientistas (adultos, portanto), inteligentes e que haviam estudado a vida inteira penaram muito para aprender a profissão; e de repente uma garota de 12 anos entende todos os planos de seu falecido avô, conserta os equipamentos, aprende a usá-los e sai enfrentando monstros poderosos? E nem adianta dizer que ela teve ajuda ou que é tão inteligente quanto Egon, porque o próprio teve muito mais dificuldades do que ela para ser tornar um Caça-Fantasmas.
Além disso, eu super entendo e apoio os fan services mencionados no início, mas desde que tenham função narrativa ou aparição plausível, e realmente ainda não entendi como ou por que aqueles marshmallows surgiram, além de fazer nerds dos anos oitenta ficarem excitados.
Chatices à parte o filme é bom! Adorei o galã-palhaço Paul Rudd fazendo a versão contemporânea do papel de Rick Moranis, além dos jovens McKenna Grace como a pequena Phoebe Spengler, e Logan Kim. Isso sem mencionar, claro, as voltas triunfais de Bill Murray, Dan Aykroyd e Hernie Hudson com suas armas e uniformes.
Caça-Fantasmas: Mais além é divertidíssimo, embora menos engraçado que o resto da franquia, mas com história empolgante, que mata a saudade de quem viu e talvez até possa conquistar uma nova geração de fãs.
Caça-Fantasmas: mais além
Direção: Jason Reitman
Roteiro: Jason Reitman e Gil Kenan
Elenco: McKenna Grace, Finn Holfhard, Carrie Coon, Paul Rudd, Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Sigourney Weaver, Annie Potts, Logan Kim
18 de novembro de 2021 no cinema
2h 4min
Ação/Ficção Científica/Comédia
Sinopse
Não recomendado para menores de 12 anos
Em Ghostbusters – Mais Além, uma mãe solteira resolve se mudar para uma pequena cidade do interior com seus filhos. Ao chegar na nova casa, ainda sem saber ao certo o que vai acontecer, ela e seus filhos acabam descobrindo uma conexão com os Caça-Fantasmas originais e o que o seu avô, um dos integrantes dos Caça-Fantasmas, deixou para trás como legado para sua família.
Mas nem tudo é brincadeira, com a descoberta de objetos e a chegada da casa, acontecimentos paranormais começam acontecer e só tem um jeito de acabar com eles: chamando os Caça-Fantasmas!
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