Há cinco anos, antes de a Marvel realizar seu grande acontecimento cinematográfico na épica batalha entre Thanos e os Vingadores, o diretor Taika Waititi parecia ter acertado a mão com o filho de Odin, em Thor: Ragnarok; um filme pra cima, divertido, cheio de cores, non-sense, que explorava de maneira inteligente a veia cômica do protagonista Chris Hemsworth. E realmente, depois de tantos acertos (e ótima bilheteria) ficaria difícil para o diretor não repetir a fórmula encontrada; o problema foi que ele caiu no erro de tentar aumentar a quantidade dos ingredientes utilizados, culminando nessa bomba chamada Thor: Love & Thunder.
Claro, o filme não é uma tragédia do nível de produções semiamadoras que vemos aos montes, já que a máquina de dinheiro da Disney pode pagar pelos melhores profissionais disponíveis no mercado, mas quando se pensa na quantidade de recursos envolvidos e na qualidade que o Universo Marvel conseguiu estabelecer, realmente fica muito fácil perceber o quão desinteressante é a história contada e o quanto seus atores pareciam ter ciência disso.
Aliás, antes de assisti-lo, mas vendo alguns comentários aqui e acolá, eu ficava me perguntando como um filme cujo vilão se chama O Carniceiro dos Deuses pode ser chato. Pois o problema não foi realmente o antagonista e muito menos o seu interprete, Christian Bale, que, como sempre, está fantástico. Inclusive não há qualquer exagero em dizer que tudo que há de bom em Thor: Love & Thunder está nele. Sua interpretação, sua caracterização, a mitologia por trás do personagem, sua motivação; realmente, o Carniceiro dos Deuses convence! O problema reside em todo o resto.
Gostei, por exemplo, da volta da doutora Jane Foster e sinceramente gostei da Poderosa Thor, que fez os machistinhas desocupados saírem dos bueiros das Internet para falar suas asneiras, mas será que ficou claro para alguém naquele filme que a moça tinha um câncer terminal?????
Por mais que ela tentasse vencer a doença e por mais que não quisessem demonstrar piedade, a impressão que tive durante duas horas é que ninguém entendeu exatamente o que estava se passando.
Mesmo Chris Hemsworth, que há 11 anos interpreta o Thor e, portanto, deveria ter pleno domínio do personagem não conseguiu expressar as emoções que dele se esperava ante uma situação como essa – aliás, essa foi de longe sua atuação menos inspirada a serviço da Marvel.
Sobre a história, que já não é um primor da dramaturgia, posso dizer que foi piorada por um timming cômico patético. Afinal, o que foram aqueles resumões das aventuras do Deus-do-Trovão? Isso sem mencionar (mas já mencionando) a cena de Russell Crowe como Zeus. Particularmente, até gostei da ideia e de como se faz a ligação entre ele e Thor, mas a execução foi uma piada de péssimo gosto e está claro que se há algum culpado nisso é o diretor.
Além do timming terrível, outro problema foi a preguiça do roteiro. Veja: todos esses filmes fazem parte de uma mesma e gigantesca franquia, o que faz com que alguns personagens devam ter determinadas movimentações dentro da história. Até aí, normal, mas que saidinha preguiçosa e sem-vergonha usaram para se livrar dos Guardiões da Galáxia, hein? Tudo bem, eles vão aparecer em outro filme em 2023, tinham que ser poupados, mas dava para desenvolver melhor isso, não?
Thor: Love & Thunder é mais um lamentável desacerto da Marvel, que vem errando com frequência preocupante desde o épico Vingadores Ultimato. Calma, não estou dizendo que é o fim do Universo Marvel nos cinemas, que é melhor fechar as portas; nada disso, mas cabe observar que, se antes havia um filme ruim para cinco excelentes, de 2021 para cá a proporção não tem sido mais tão favorável e vale, sim, ligar o sinal de alerta!
Thor: Amor e Trovão
Thor: Love & Thunder
Direção: Taika Waititi
Roteiro: Taika Waititi, Jennifer Kaytin Robinson
Elenco: Chris Hemsworth, Christian Bale, Natalie Portman, Taika Waititi, Russell Crowe, Thessa Thompson
7 de julho de 2022 nos cinemas
1h 59min
Ação, Aventura
Sinopse
Thor parte em uma jornada de autodescoberta, diferente de tudo que ele já enfrentou. Mas seus esforços são interrompidos por um assassino galáctico conhecido como Gorr, o Carniceiro dos Deuses, que busca a extinção dos deuses.
Para combater esta ameaça, Thor pede a ajuda da Rei Valquíria, Korg e da ex-namorada Jane Foster, que, para a surpresa de Thor, inexplicavelmente empunha seu mágico martelo, Mjolnir, como a Poderosa Thor. Juntos, eles embarcam em uma angustiante aventura cósmica para descobrir o mistério da vingança do Carniceiro dos Deuses e detê-lo antes que seja tarde demais.
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