Um poço de boas ideias!
O Poço talvez não seja o melhor filme do catálogo da Netflix – critério altamente subjetivo – e nem de longe é o primeiro a tratar de (in)justiça social, mas tem que ser visto! Primeiro por usar uma metáfora que, embora amplamente utilizada em ditos populares, eu jamais vi num filme de forma tão literal. Literalidade, aliás, talvez seja uma das palavras para melhor defini-lo junto com “corajoso”, “realista”, “triste”;…
Sei que quem viu talvez esteja lendo e pensando que ele pode ser tudo, menos realista; afinal, um poço praticamente infinito no qual um banquete é servido e quanto mais baixo é o nível, menos comida sobra? O que há de realista nisso? Em fato, apenas o poço não é real. A metáfora é perfeita e frequentemente auxiliada por outras jogadas em nossa cara por cerca de 1,30 hora sem nenhuma preocupação se acabamos de almoçar ou não. Sim, é verdade que o filme poderia ser mais leve em alguns momentos, mas não seria essa justamente sua intenção? Chocar, enojar, questionar, se solidarizar com o desespero alheio?
Para essa tarefa, aliás, o diretor Galder Gaztelu-Urrutia acertou na mosca tanto na leveza inexistente da maioria das cenas, quanto na escolha do elenco; destaques, em minha humilde opinião, para o protagonista Ivàn Massagué, capaz de imprimir em seu rosto todas as emoções pelas quais eu passei me compadecendo com sua epopeia, e o coadjuvante Zorion Eguileor, que ajuda bastante nesse processo.
Como crítica negativa, apontaria o final e seu excesso de simbolismos, metáforas e mensagens subliminares que absolutamente não mantém o tom satisfatório do resto do longa. Por fim, um bom e necessário filme em tempos de tantos debates sobre (in)justiça social.
O Poço
Diretor – Galder Gaztelu-Urrutia
Elenco – Ivàn Massagué, Zorion Eguileor e outros
Dstribuição – Netflix
Parabéns! Comentários muito precisos!