Se os comunistas vão dominar o mundo, eu realmente não sei, mas é fato que os heróis da Marvel, que já se expandiram até para outras galáxias, vão! Depois de botar africanos, russos e até alienígenas para falar inglês, chegou a vez de o UCM desembarcar na Ásia, com Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis, filme que introduziu o primeiro – e creio, único – herói oriental da produtora em seu universo compartilhado.
Para começar, não vi alarde tão grande para esse filme. Claro, a Marvel vai dominar o mundo, como sabemos, mas perto da histeria causada por outras produções do estúdio – incluindo as séries do Disney Plus – Shang-Chi chegou de forma relativamente discreta, atraindo talvez mais pela curiosidade do que pela expectativa. Acredito que, assim como eu, muita gente quis ver como era o tal personagem inspirado no Bruce Lee, e isso pode, sim, ter gerado alguma decepção em alguns.
Por quê? Talvez alguns puristas – e aí não vai nenhuma crítica – tenham se atentado apenas ao fato de que o personagem foi inspirado, lá nos anos 60, na lenda das artes márcias e tenham se esquecido de que essa inspiração precisou se adequar a toda a modernidade, CGI, efeitos, luzes e cenas impossíveis para pessoas reais que a Marvel instituiu no cinema. Não, Shang-Chi não é um filme sobre artes marciais, bem como Pantera Negra não era uma produção sobre guerras tribais na África e eu acredito que uma vez esse conceito entendido, Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis pode, sim, ser uma experiência muito divertida!
O filme é ágil, agradável, tem história convincente – cheia de absurdos, mas nada a que os fãs de super-heróis já não estejam acostumados e nada que fuja à lógica do roteiro – personagens carismáticos e cenas de luta de tirar o fôlego. OK, claro que pancadaria não é tudo no cinema, mas se você vai ver um filme que conta a história de um mestre nas artes marciais, parece-me que uma boa luta é um pré-requisito, não?
Além disso, Shang-Chi dosa como poucos filmes da Marvel o percentual de ação, história e humor, proporcionado principalmente pela química perfeita entre o protagonista, interpretado por Simu Liu, e sua parceira de aventuras, Katy, vivida por Awkwafina. Falando em humor, aliás, vale a pena conferir o link espetacularmente bem-humorado feito com os Vingadores já na cena pós-créditos! Quem não teve o destaque que merecia foi a irmã de Shang-Chi, personagem de Meng’er Zhang, mas penso que isso foi uma escolha acertada do roteiro, preparando-a para a sequência.
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis é um dos melhores filmes de apresentação de personagem do UCM, que merecia um trabalho de marketing e uma curiosidade do público muito maior do que foram feitos!
Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis
Shang-Chi and the Legend of the Ten Rings
Direção: Destin Daniel Cretton
Roteiro Dave Callaham, Destin Daniel Cretton
Elenco: Simu Liu, Tony Leung Chiu-Wai, Awkwafina
2 de setembro de 2021 No cinema
2h 12min
Ação, Fantasia
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