Bob Marley: One Love


A moda recente das cinebiografias de grandes astros da música pode ser útil, divertida e, principalmente, rentável para os estúdios, mas não significa que os filmes do gênero não tenham problemas. 

É fato que eles são, sim, uma ótima oportunidade para se “descobrir” um artista ou até nos conectarmos ainda mais com alguém de quem já conhecíamos o trabalho. No entanto, será que as histórias contadas nas telas são totalmente confiáveis? Em Bob Marley: One Love, deparei-me, mais uma vez, com tais questões. 

Longe de ter achado o filme ruim; inclusive atento para a boa opção de focar em um recorte de tempo específico, em vez de investir na quase sempre malsucedida tarefa de encaixar 30 anos em duas horas. Gostei também das atuações, e a história, que obviamente é o principal, também me agradou bastante; e é aí que reside o perigo. 

Obviamente, eu sei quem é Bob Marley, conheço várias de suas músicas e, claro, tenho total ciência de sua importância musical e social. E para por aí. Não sei quase nada de sua trajetória pessoal e muito do que foi colocado em tela a mim soou como novidade. “Bem, então o filme cumpriu seu papel, não é mesmo?”. Em termos, pois apesar de agradado com o que vi, do ponto de vista cinematográfico, não consegui fugir à sensação de que aquele personagem me parecia… bom demais! Legal demais! Crédulo demais, bem-intencionado demais, bem resolvido demais, com consciência social demais… Muito superlativo para uma pessoa de carne e osso; até que fui olhar os créditos da obra e dei de cara com os nomes de seu filho, Ziggy, e sua viúva, Rita, como produtores. Pronto!

Gente, é óbvio que ninguém que odeia um artista faria um filme sobre o mesmo, mas botar mulher e filho para falar do cara já é abusar da ingenuidade do público, né? É óbvio que o verdadeiro Bob Marley, por mais qualidades que tivesse, também tinha seus defeitos e esses simplesmente não existem no filme!

A título de comparação, me lembrou muito o que foi feito em Bohemian Rapshody, em que, tão empenhados em vender a imagem do lendário Freddie Mercury, esqueceram que ele também era um ser-humano e não uma caricatura feita por Marcelo Adnet (que eu adoro, só para constar). 

As diferenças entre os dois é que Kingsley Ben-Adir fez um trabalho, a meu ver, superior ao de Rami Malek; e que, pessoalmente, eu conheço mais sobre a biografia do Queen, o que me permitiu identificar ali o que foi licença poética e o que foi historinha para vender a banda. Quanto será que foi invenção em One love?

Claro, os últimos parágrafos fazem parecer que o filme é uma bomba, mas está longe disso. É bem-feito, não se perde na própria história (como acontece muito…), bem atuado e, claro, apresenta, o que Marley tem de melhor: sua obra musical. Inclusive, escrevo estas linhas ao som do disco Exodus, que tem sua criação mostrada em tela e, sim, é um primor de disco mesmo!

Ficha técnica

Bob Marley: One Love 

Direção: Reinaldo Marcus Green

Roteiro: Zach Baylin, Frank E. Flowers e Terence Winter

Elenco: Kingsley Ben-Adir, Lashana Lynch, Michael Gandolfini, Nadine Marshall, James Norton, Anthony Welsh

12 de janeiro de 2024 nos cinemas 

1h e 46min 

Drama Biográfico

Sinopse

Não recomendado para menos de 16 anos

Bob Marley: One Love é um filme biográfico dirigido por Reinaldo Marcus Green (King Richard: Criando Campeãs) que conta a história de Robert Nesta Marley OM, mais conhecido como Bob Marley, grande ícone do reggae. O filme relembra os importantes feitos do cantor para seu país, assim como as dificuldades que sua família e conhecidos passaram. Bob Marley (Kingsley Ben-Adir) ficou conhecido por sua pregação pela paz, do amor e da fé rastafari. Com o reggae, ultrapassou fronteiras e o sucesso foi imenso. Mas mesmo famoso, a violência em seu país era uma realidade e chega até Marley e sua esposa (Lashana Lynch). Após um atentado, eles saem do país, mas no ano seguinte o cantor icônico decide voltar, pelo povo, para a Jamaica.

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