A Filha Perdida


No final do ano passado, escrevi uma resenha cheia de elogios ao polêmico Não olhe para cima, e, para minha surpresa, depois comecei a ouvir comentários muito idiotas sobre o filme. Uns insistiam em não ver sua mensagem óbvia; outros, classificando-o como “genial” e “o filme que separa os inteligentes dos idiotas” – tipo a roupa do rei, saca?

Não, meus caros. Não olhe para cima não é genial e no máximo serve para separar pessoas razoáveis de completos imbecis. No Entanto, por esses dias vi A Filha Perdida, que vem sendo elogiadíssimo pela crítica e sinceramente, se esse filme é tão bom, acho que eu acabo de ingressar no clube de quem não tem intelecto para entende-lo.

É verdade que a atuação de Olivia Colman é espetacular, mas ainda não entendi o que se passa na cabeça de sua personagem. Sim, entendi suas questões passadas com a maternidade e o casamento, assim como entendi seu incomodo e até o impacto da família que perturbou suas férias e a relação com a personagem de Dakota Johnson, finalmente livre da aberração 50 tons de cinza, e mostrando que é de fato uma atriz competente.

Tudo isso está claro para mim e, sim, acho que o filme tem totais méritos ao mostrar os conflitos internos da personagem central e gosto também do arco criado com sua versão jovem – muito bem-feita por Jessie Buckley. Minha questão são suas atitudes, resoluções, desculpas esfarrapadas e, a bem da verdade, nem apenas dela, pois parece não haver um personagem com uma sequência de ações pautadas pela lógica ou pelo simples comportamento humano. Tudo parece de mentira, artificial e, principalmente, chato.

Sim, que me perdoem os que gostaram e podem me chamar de “fanboy de super-herói”, mas A Filha Perdida é, acima de tudo, um filme chato, com uma resolução inverossímil, que aborda um tema com infinitas possibilidades e não explora bem nenhuma delas. Talvez a obra original, escrita pela misteriosa e aclamada Elena Ferrante seja mais convincente, mas prefiro não entrar nesse mérito, primeiro por não ter lido o livro e segundo por não aceitar que uma mídia dependa da outra. Se o livro é bom e o filme não, o filme falhou independente de sua base.

Com certeza, há pessoas muito mais competentes que eu fazendo e escrevendo sobre cinema. Talvez A Filha Perdida seja a obra que me botou em meu devido lugar com meu conhecimento ainda limitado sobre o assunto. Por isso, adoraria que algumas dessas pessoas que adoraram o filme me explicassem: por quê?

A Filha Perdida

Direção: Maggie Gyllenhaal

Roteiro: Maggie Gyllenhaal

Elenco: Olivia Colman, Dakota Johnson, Ed Harris, Jessie Buckley, Paul Mescal.

16 de dezembro de 2021 na Netflix

2h 4min

Drama

Sinopse

Em A Filha Perdida, Leda (Olivia Colman) é uma mulher de meia-idade divorciada, devotada para sua área acadêmica como uma professora de inglês e para suas filhas.
Quando ambas as filhas decidem ir para o Canadá e ficarem com seu pai nas férias, Leda já antecipa sua rotina sozinha. Porém, apesar de se sentir envergonhada pela sensação de solitude, ela começa a se sentir mais leve e solta e decide, portanto, ir para uma cidade costeira na Grécia.
Porém, ao passar dos dias, Leda encontra uma família que por sua mera existência a faz lembrar de períodos difíceis e sacrifícios que teve de tomar como mãe. Uma história comovente de uma mulher que precisa se recuperar e confrontar o seu passado. 

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