Andrew Michael Hurley – Terra faminta @intrinseca #resenha


Assim como em Loney, outra obra de Andrew Michael Hurley, não li sequer a sinopse. Fui totalmente no escuro, pois havia gostado muito da escrita.

Um ar malévolo paira na casa, mantendo a tensão como se estivesse sempre na iminência de acontecer algo que não acontece.

Juliette e Richard são pais enlutados. Seu filho Ewan morreu, mas só é explicado ao longo da narrativa o que de fato ocorreu.

A história é contada transitando entre passado e presente, não apenas do casal e do filho, mas dos pais de Richard, de quem ele herdou a casa; e de acontecimentos de séculos atrás nessa terra onde moram. Terra essa que faz papel de protagonista também e sua influencia é vital para a história, assim como o próprio título sugere.

Ewan é um garotinho normal que inexplicavelmente foi se transformando, cometendo maldades dignas de uma mente sombria, como alguém possuído por algo demoníaco.

O avô de Ewan, também passou por transformações que culminaram em sua internação em uma instituição, com a mente totalmente deteriorada, e, consequentemente, sua morte.

É impressionante como Richard não faz associação alguma entre as alterações no comportamento dos dois; ou que a insistência com que ainda ouve o filho e a prostração da esposa pelo luto simplesmente acabem após uma sessão – que lembra muito sessão espírita – com uma chave que foi virada e ela voltando a ser Juliette.

Ok, Richard é muito cético e o autor se vale de certas conveniências para criar o clima, mas ainda assim temos que fazer uma forcinha para sermos absorvidos pela narrativa.

Ali onde vivem, há certas histórias encaradas como lendas. Há rumores que um antigo carvalho pode ter existido em seu terreno e fora palco de enforcamentos.

Richard então, cava pelo seu terreno árido onde nada nasce, para procurar as raízes dessa árvore. Paralelamente a isso, ele vai encontrando xilogravuras em meio à desarrumação do que um dia fora a biblioteca de seu pai, e aparentemente confirmam sua teoria de que o carvalho era enorme e ali esteve; e a história liga o vilarejo, o carvalho e a terra árida de seu terreno.

Mesmo com tantas situações estranhas, e Richard presenciando e sabendo de fatos e histórias em sua família e no vilarejo, ele continua cético, mas aqui o “rabo acaba mordendo o cachorro”.

Um terror psicológico com os clichês de praxe, um tanto arrastado em algumas partes, mas com história que mantém a atmosfera sombria, embora sem grandes emoções.

O projeto gráfico é lindo em capa dura, pintura nos três lados, e com ilustrações exclusivas do artista alagoano Midrusa.

Capa, ficha técnica, sinopse

Terra Faminta

Starve Acre

Andrew Michael Hurley

ISBN: 978-6555602241
Editora: Intrínseca
Número de páginas: 240
Encadernação: Capa dura
Formato: 16 X 23 cm
Ano Edição: 2021
Tradução: André Czarnobai

Sinopse

Quando o filho de cinco anos de Juliette e Richard morre de repente após cometer uma série de atos inexplicáveis de violência ? instigado, segundo ele, por uma voz misteriosa ?, o mundo dos dois desmorona. Seis meses depois, Juliette se recusa a sair de casa e passa os dias fazendo gravações no quarto do filho, esperando conseguir provas de que ele continua lá. Enquanto isso, Richard tenta ao máximo não pensar no menino e volta a atenção para o terreno do outro lado da rua, o qual escava pacientemente, em busca de fragmentos de um carvalho lendário.

Assombrados por um presente doloroso e uma expectativa interrompida de futuro, os dois são confrontados pela estranheza e pela solidão de um lugar agora tomado pelo sofrimento. De um lado, o luto deixa cada vez mais clara a distância que os separa; de outro, eles buscam desesperadamente uma ponta de esperança ? apenas para desenterrar um profundo terror.

Com a incrível habilidade de criar um mundo definido pelo bizarro, em Terra faminta Andrew Michael Hurley entrelaça com perfeição a selvageria da natureza e descrições capazes de evocar horror. Nesta narrativa inquietante, o sobrenatural e a vida cotidiana se confundem, criando um retrato assustador do que acontece no limiar entre a dor e a sanidade.

Boa leitura

See ya!

Rosana Gutierrez

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