Mussum, o Filmis


Talvez pareça incrível para as gerações mais novas, mas os Trapalhões foram um dos maiores fenômenos do humor brasileiro. Com esquetes inocentes e sem vergonha de expor o lado mais “mundano” do humor, o quarteto liderado por Renato Aragão fez história na TV brasileira. Porém, o que também ficava escancarado a cada aparição do grupo é que o mais engraçado deles era, de longe, Antônio Carlos Bernardes Gomes; o Mussum, que agora teve sua história contada em Mussum, o Filmis

Sambista carioca de origem humilde, Mussum caiu no humor quase de paraquedas, quando já era um nome conhecido como integrante dos Originais do Samba. Seu carisma, no entanto, não passou despercebido por gente graúda como Grande Otelo, Chico Anýsio e, claro, futuramente, Renato Aragão. 

Aliás, se há uma coisa que chama a atenção em sua rica biografia é a quantidade absurda de personalidades da cultura brasileira que ele pôde conhecer: Cartola, Elza Soares, Garrincha, Jorge Ben, os já citados Grande Otelo e Chico Anýsio; Boninho, Alcione, além de seus colegas nos trapalhões.  Contraditoriamente, porém, é possível que aí resida o único problema do filme. 

Mussum teve uma vida tão divertida, intensa e cheia de acontecimentos e pessoas, que ficou difícil equacionar tudo em apenas duas horas de tela. Os fatos e personalidades parecem ter sido colocados em cena quase como um check list, sem grande relação de causa e consequência. Resumidamente, a mim a impressão é que houve grande preocupação com quem e o quê pôr, mas não em como pôr na tela. 

“Então o filme é horrível?”. De maneira alguma! Os atores são ótimos; a reconstituição, impecável e a fidelidade temporal, que muitas vezes é esquecida, não deixa nada a desejar. Isso sem mencionar a recriação de cenas do humorista que mostram um pouco do porquê ele merecer um filme próprio. 

Mussum, o filmis está longe de ser uma obra ruim. Diverte, entretém, faz rir e até emociona; mas confesso ter terminado de vê-lo com a sensação de que conhecia o personagem tanto quanto antes de pegar a pipoca. Raso, pra resumir. 

Ficha técnica

Mussum, o Filmis

Direção: Sílvio Guindane

Roteiro: Paulo Cursino

Elenco: Aílton Graça, Yuri Marçal, Neusa Borges, Cacau Protásio, Cinara Leal, Gero Camilo

2 de novembro de 2023 no Telecine, Amazon Prime e Apple TV 

2h 3min

Drama Biográfico 

Sinopse

Não recomendado para menos de 12 anos

Mussum, o Filmis é uma cinebiografia brasileira dirigida por Silvio Guindane e roteirizada por Paulo Cursino, com base no livro Mussum – uma história de Humor e Samba, de Juliano Barreto. A trama mostra a história real sobre a vida e trajetória de Antônio Carlos Bernardes Gomes, popularmente apelidado de Mussum – interpretado, no filme, pelo ator Ailton Graça (Carandiru, Travessia). Tendo crescido como um garoto pobre, filho de empregada doméstica analfabeta e com passado militar, Mussum ficou conhecido por ter se tornado um dos maiores humoristas do Brasil. Além de fundar o grupo musical Os Originais do Samba, ele encontrou seu caminho para a fama na televisão após se unir ao famoso quarteto Os Trapalhões, formado por – além dele – Renato Aragão (Gero Camilo), Dedé Santana (Felipe Rocha) e Zacarias (Gustavo Nader). Também fazem parte do elenco os atores Thawan Lucas Bandeira, Yuri Marçal, Cacau Protásio, Neusa Borges, Jennifer Dias e Cinnara Leal.

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