Argylle


Se eu fosse um crítico de cinema, daqueles que usam monóculo e acham que nada que é premiado pela Academia presta, não me faltariam palavras para detonar Argylle: clichê, chato, sem noção, com metalinguagem patética e soluções tiradas de partes indescritíveis do corpo, além de estereótipos bobos e atuações feitas no piloto automático. 

Sim, ele é tudo isso, mas eu tenho que ser honesto: conseguiu me divertir; e olha que suas duras horas e 19 minutos são uma eternidade para uma trama tão simplória, girando em torno de uma escritora que que vê sua vida virar do avesso ao descobrir que seus livros, na verdade, continham previsões sobre os passos de uma organização criminosa. A partir daí, ela se vê jogada em trama perigosa e com reviravoltas que fariam muitos autores rasgarem seus roteiros, de tão absurdas. 

OK, concordamos que o filme é conceitualmente ruim, mas por que ele poderia divertir alguém? É difícil responder a essa pergunta, mas acredito que, no meu caso, é por possuir uma leveza despretensiosa, uma vontade genuína de botar as ideias em prática e se divertir com aquilo, o que até acontece com outras obras, mas nem sempre com resultados positivos. 

Não sei exatamente por que, mas lembrei de um filme da Netflix que fez absurdo sucesso há poucos anos, mas para mim só funcionou como sonífero: Alerta Vermelho. Não acho que, numa avaliação fria, um deles seja melhor que o outro, mas, claro, o impacto em cada espectador é diferente e pessoalmente, gostei mais do Argylle. Tem personagens mais interessantes talvez? Seria uma resposta válida; ou talvez o fato de terem chutado os absurdos para tão longe que conseguiram despertar a mórbida curiosidade desse espectador. Também não descarto. 

Fato é que Argylle me divertiu; mesmo com sua duração desproporcional à relevância, cores, clichês e soluções absurdas, consegui sair do cinema agradado e digo mais: acredito que não seja o único, pois é, em síntese, um filme que proporciona cenas divertidas. Só não espere nenhum futuro clássico do cinema… 

Argylle 

Direção: Peggy Holmes 

Roteiro: Jason Fuchs 

Elenco: Henry Cavill, Sam Rockwell, Bryce Dallas Howard, Bryan Cranston, Catherine O’Hara, John Cena, Samuel L. Jackson, Dua Lipa

2 de fevereiro de 2024 nos cinemas

2h 19min

Espionagem

Sinopse

Não recomendado para menos de 14 anos

Argylle – O Superespião é um filme de comédia e ação, dirigido por Matthew Vaughn (Kingsman). No filme, Elly (interpretada por Bryce Dallas Howard) é uma renomada autora que ficou conhecida por uma série de romances de espionagem que acompanham o agente Argylle (Henry Cavill). Porém, inesperadamente, a trama de Elly deixa de ser apenas uma ficção e acaba se tornando realidade, colocando a escritora no centro de uma complexa e perigosa teia de trapaças e assassinatos. Com a ajuda de Aiden (Sam Rockwell) e o gato Alfie – seu fiel companheiro – Elly deve lidar com as consequências do encontro entre o mundo real e fictício. O elenco também conta com a participação de Dua Lipa, Sofia Boutella e John Cena.

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